Temer tem um bom motivo para insistir tanto em aprovar a reforma da previdência, diz Rio Bravo

"Desistir dela seria como estabelecer o encerramento antecipado dessa presidência, ainda que o risco de perder seja bastante substancial", diz a gestora

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em carta de estratégias para comentar o último mês, a gestora Rio Bravo fez um balanço sobre as duas notícias que foram destaque em janeiro – e qual fez mais impacto no mercado.

Além disso, os gestores apontaram as perspectivas desanimadoras para a aprovação da reforma da previdência este ano. Eles ressaltam que a reforma se tornou o grande teste (ou mais, a razão de existir) do governo de Michel Temer e, por isso mesmo, a insistência nela. “Desistir dela seria como estabelecer o encerramento antecipado dessa presidência, ainda que o risco de perder seja bastante substancial”, diz a Rio Bravo.  

“A mobilização para a votação já teve início e as perspectivas iniciais não parecem muito favoráveis, o que sempre
pode ser atribuído à parcela volúvel do Parlamento querendo valorizar o preço de seu voto. A votação deverá ocorrer em fevereiro num contexto de muitos acordos e combinações de pequena estatura, e de resultado incerto”, aponta a Rio Bravo.

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A ansiedade sobre a reforma da previdência voltou à tona este ano em meio à primeira grande notícia para os mercados em 2018, aponta a Rio Bravo, que foi o rebaixamento da nota do risco soberano pela Standard & Poor’s no último dia 11, trazendo o Brasil para a terceira casa abaixo do grau de investimento (BB-).

É a primeira das agências a fazer este movimento e portanto, um prenúncio do que as outras poderão fazer e uma péssima notícia para a área econômica, e para o ministro Henrique Meirelles em especial, apontam os gestores. 

Conforme destaca a Rio Bravo, as notas de crédito soberano não são apreciações subjetivas tampouco votos de confiança.

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“A apreciação dos mercados pode, por vários motivos, se tornar mais benevolente do que os indicadores estariam a recomendar, sobretudo referentes ao panorama fiscal. É o que se passa no momento, pois CDS brasileiro parece “generoso” com relação à real situação das finanças brasileiras, como se o rating do país fosse muito melhor que BB-. As agências, por seu turno, não devem se deixar levar pelos humores do mercado, e, nesse caso, a S&P revelou frieza diante das hesitações brasileiras diante da situação fiscal”, avaliam.

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Já a segunda notícia, não inteiramente inesperada foi a condenação do ex-presidente Lula em segunda instância. Contudo, a votação unânime, contundente e firme de três desembargadores surpreenderam o mercado, com o aumento da  pena proposta por Sergio Moro de 9 anos e meio para 12 anos e um mês de prisão. 

“O fato político assim produzido é o de que a candidatura Lula parece morta, ou quase, e diante disso o quadro eleitoral se transforma por inteiro”, ressaltam os gestores. Eles destacam que o vazio deixado pelo ex-presidente passa a ser disputado não apenas por outros personagens menores do PT, mas também por outros partidos de esquerda e mesmo o PSDB (muito provavelmente o governador Geraldo Alckmin), “cujo candidato pode perfeitamente ensaiar passos à esquerda para ampliar seu espectro de apoios, inclusive ao contrapor-se aos nomes à direita”.

Assim, as montagens dos palanques regionais e a constituição das chapas, com intensa movimentação de partidos e bancadas, começam a ser montadas. Já na seara econômica, a atividade prossegue no caminho de uma lenta recuperação, inflação sob controle (abaixo da meta), inclusive com redução do desemprego.

“É um movimento vagaroso e que dificilmente provocará alguma ‘sensação de crescimento’ relevante o suficiente para prover alento ao governo e a seu ministro da Fazenda”, afirmam os gestores. Para eles, talvez uma vitória na batalha pela reforma da Previdência serviria para produzir um impulso político positivo de sorte a elevar o cacife do presidente nos ajustes nas chapas e composições regionais.

“O fato é que em janeiro o Ibovespa ganhou mais de 11% de valorização, o que estabelece um curioso veredicto sobre qual das duas notícias do mês [corte da S&P ou Lula] foi mais importante”, conclui a Rio Bravo. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.