
(Bloomberg) – A turbulência política, agravada pelas notícias de pedidos de prisão de senadores do PMDB, não deve comprometer a aprovação das reformas propostas pelo presidente interino Michel Temer, diz João de Castro Neves, analista da consultoria Eurasia em Nova York, em entrevista concedida em São Paulo.
- “Enquanto equipe econômica estiver coesa e principais operadores políticos estiverem operando, a Lava Jato não fere de morte a aprovação das reformas”
- “Há melhora na parte econômica depois de anos de mal-estar com governo; há alívio com time bom e de não haver mais mão pesada na economia”
- DRU, meta fiscal e aprovação de Ilan para BC são vitórias de Temer no Congresso
- Batalha de Temer é reconquistar a confiança dos investidores, ele tem de ser visto como solução da crise, não como continuação da crise
- “O que saiu até agora não traz indícios tão fortes para justificar prisões”
- “É diferente do caso de Delcídio”, no qual ficou clara “uma rota de fuga”
- “A pergunta é se Janot tem mais coisas concretas contra os quatro”
- Pontos importantes a observar: STF tem alta sensibilidade política e tem de tomar decisão por colegiado; pode adotar ritmo mais lento, pode decidir resolver a situação de Cunha primeiro
- Caso as prisões ocorram, podem criar ’’distrações desnecessárias’’ que afetem ritmo da agenda de reformas, pois Congresso teria de se envolver em sucessões e barganhas de partidos; aprovação das reformas, contudo, ainda seria possível
- “Não dou como certo que Senado aprovaria pedidos de prisão”
- Agenda ’’micro’’ de reformas, menos polêmica – como pré-sal, lei de responsabilidade para estatais e fundos de pensão, fortalecimento de agências reguladoras – pode andar mais rápido e passar em 3 ou 4 meses, diz Eurasia
- PEC de teto para gastos, Previdência, reformas trabalhista e tributária são mais demoradas, mexem com direitos adquiridos; em alguns casos exigem mudança na Constituição por serem PEC
- PEC de teto para gastos pode passar até final do ano
- “Idade mínima na Previdência até dá para passar; desindexação dos benefícios do salário mínimo, não”
- Aprovação definitiva do impeachment favoreceria agenda de reformas, sem acabar com dificuldades
- “Temer aumentará seu capital político se Dilma for afastada definitivamente, mas temas são polêmicos por si só”
- “Fim do impeachment não significa que todas as medidas vão passar muito rápido”
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