Temer precisará de muita sorte e juízo até 2018, aponta colunista do Financial Times

De acordo com George Manus, novo presidente terá a oportunidade de estabilizar o país e iniciar um doloroso processo de reformas antes das próximas eleições gerais

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Colunista do Financial Times, o escritor e conselheiro econômico sênior do UBS George Manus destacou em artigo para o jornal britânico duas características que o novo presidente da República, Michel Temer, terá que possuir até o final do seu mandato, em 2018: “ele vai precisar de sorte e juízo em grandes quantidades”. Isso após o Senado ter encerrado a história de quase 14 anos do PT no governo e também dando a Temer a oportunidade de estabilizar o país e iniciar um doloroso processo de reformas antes das próximas eleições gerais. 

O artigo de Manus ressalta que o Brasil está politicamente inquieto, não somente por causa dos muitos eleitores (sendo que boa parte deles apoiou Dilma Rousseff em 2014), mas também por conta da forte queda da economia, que teve baixa de 10% desde 2014. 

O colunista ressalta que muitos indicadores mostraram que a economia chegou no fundo do poço; contudo, é necessário maior controle fiscal e restabelecer maior confiança do público nas instituições públicas. Porém, a recuperação ainda deve levar muitos anos. 

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O maior desafio de Temer, afirma o articulista, é tratar o atual sistema político, que durante muitos anos trouxe  consequências terríveis para a economia e para a base da democracia brasileira. O sistema atual tem gerado incapacidade no que diz respeito a taxas de poupança e investimento, sistema fiscal, infraestrutura e produtividade.

Assim, diz o colunista, Temer está sob pressão para corrigir o legado da ex-presidente. O governo tem mostrado algum entusiasmo em aplicar reformas fiscais: “uma elevada proporção das despesas públicas está ligada à inflação e a propostas para alterar as leis que sustentam isso. Tais reformas ajudam a transformar a governança fiscal sem comprometer necessariamente a maior realização da PT na política social: o Bolsa Família”, afirma a publicação, que destaca que o programa retirou milhões de pessoas da pobreza e reduziu a desigualdade de renda. 

“Encerrada a era PT, cabe agora ao outro presidente e seus colegas, alguns dos quais já estão sendo acusados e investigados, começar uma nova história. Na ausência de reformas de política e governança, o desempenho da economia para a classe média não deve melhorar muito”, conclui Manus. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.