“Temer não terá espaço para cometer erros”, diz analista político da Arko

O vice-presidente, caso assuma a titularidade do cargo, deverá ser alvo de muitas pressões, mas deve contar com o apoio do Congresso neste período inicial para aprovar reformas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As conversas de Michel Temer com diversos agentes econômicos e de outras áreas, tanto em São Paulo quanto no Palácio do Jaburu em Brasília, indicam: o vice-presidente está se preparando para assumir a titularidade da vaga. Apesar de Temer afirmar que está somente “conversando”, o que se observa é que ele está em busca de novos ministros.

Em meio a tantos problemas econômicos que estão no radar, o governo Temer pode assumir em meados de maio se o Senado admitir o impeachment. E, se este cenário se confirmar, a presidente Dilma Rousseff pode ser afastada até 180 dias. As chances são altas de que isso aconteça. De acordo com a Arko Advice, há uma probabilidade de 80% de Dilma cair, com viés de alta.

Neste ambiente, em que o afastamento de Dilma parece ser apenas uma questão de tempo, os olhos se voltarão para o novo governo. Segundo o analista político da Arko Advice afirmou ao InfoMoney, Cristiano Noronha, Temer não poderá cometer erros neste período de teste.

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Por enquanto, há uma expectativa moderadamente positiva em relação ao governo de Temer, avalia Noronha, porque acredita-se que, pelo menos no campo legislativo, ele possuirá uma maioria na Câmara e no Senado que permita a aprovação de importantes reformas. 

“Temer, uma vez assumindo, terá que fazer uma nova composição e uma construção em torno de uma agenda. À medida que ele for avançando nessa agenda e os agentes econômicos forem adquirindo confiança, mudarão as expectativas. Vai ter uma comparação no País, como ele estava antes de Temer entrar frente ao depois. Desta forma, neste período de testes, ele não pode cometer erros: Temer tem que gerenciar muito bem as expectativas”, afirma o analista política. 

Conforme ressalta Noronha, o PT também apostará as fichas em atos para que, no final do período, não se consiga a aprovação definitiva da saída da presidente. Para que Dilma saia do governo de forma definitiva, são necessários dois terços dos votos dos senadores. 

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Conforme destacaram os jornais dos últimos dias, o governo Dilma não deve facilitar uma transição para Temer, sem informações sobre a gestão, além de acelerar os programas em andamento pela presidente Dilma. Em meio ao discurso já muito duro, o cenário é de que o atual governo saia de uma forma muito desgastada.

Ao mesmo tempo, a agenda de Temer não encontra tanto respaldo nos movimentos sociais, uma vez que trata mais de ajuste para lidar com a situação fiscal e aumento da dívida bruta em relação ao PIB. Assim, o PT deve apostar muito no desgaste da agenda e nos próprios movimentos sociais, levando a uma radicalização maior. Contudo, afirma o analista, a radicalização pode ter um limite, especialmente se o plano Temer para a economia se mostrar bem sucedido. 

Para o analista político, no início do governo, Temer pode contar com cerca de 330 votos na Câmara dos Deputados e entre 55 a 60 votos no Senado o que, a priori, seria suficiente para aprovar mudanças importantes. Entre as reformas que poderiam passar no Congresso, estariam da Previdência, Tributária, Fiscal e Trabalhista. 

Sobre a equipe que está sendo montada para um eventual governo Temer, todos os nomes que estão sendo cogitados, como de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda e os nomes do Banco Central, são vistos como positivos pelo mercado. Para Noronha, o “maior desafio de um eventual governo Temer não é político, e sim econômico, em meio ao problema do déficit, da alta inflação, do baixo crescimento e da infraestrutura precária”. Assim, a aprovação de mudanças pelo Congresso será essencial.

Risco TSE
Mesmo se Temer assumir a presidência, ele também corre o risco de ser cassado, uma vez que corre no TSE ação para impugnação da chapa presidencial Dilma-Temer. Noronha, contudo, destaca que será preciso haver uma evidência muito grande contra as finanças da chapa Dilma-Temer para que ele seja cassado após um eventual impeachment da presidente. Contudo, o risco existe e não pode ser descartado.

Além disso, afirma o analista político, Temer pode usar dois argumentos. “O primeiro é que as contas de ambos foram separadas. Segundo, que ele não pode ser responsabilizado por problemas na prestação de contas de Dilma. Para isso, ele faz o argumento inverso: poderia a presidente perder o mandato se ele tivesse recebido ilegalmente?”

Sobre a Lava Jato, Noronha afirma que ela segue como o fator desestabilizador da política. Além disso, em meio às notícias de que um eventual governo Temer poderia paralisar a Operação, o analista descarta a hipótese, destacando que não há nenhuma condição, “de quem quer que seja, de paralisar a Lava Jato”. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.