Temer já se prepara para batalha dura contra Janot e sinaliza: reformas ficarão para depois

De acordo com a Folha, Rodrigo Janot deverá acusar presidente de ser 'chefe de organização criminosa' - e presidente atua para manter sobrevivência no cargo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O julgamento da ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer entra na sua reta final nesta sexta-feira, com a tendência de que o ministro-relator, Herman Benjamin, pedirá a cassação da chapa. Ontem, ele afirmou que houve abuso de poder político e econômico durante a campanha de 2014. 

Apesar disso, a maioria dos ministros já sinalizou que vai votar pela absolvição do presidente, com expectativa de um placar de 4 a 3. Contra a cassação, devem ser os votos de Gilmar Mendes, Napoleão Nunes Maia, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira, ministro que até ontem suscitava dúvidas sobre o seu posicionamento. Porém, a posição dele contra o uso dos depoimentos dos delatores da Odebrecht no processo, considerados essenciais para comprovar crimes na campanha de 2014, levou a um cenário de que ele se posicionará de forma a absolver o presidente. Quem deve votar a favor da cassação são os ministros Herman Benjamin, Luiz Fuz e Rosa Weber.

Essa batalha parece vencida, mas Temer enfrenta outra ameaça iminente: a provável denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, aliados de Janot afirmam que  o Ministério Público Federal está focado em construir uma denúncia consistente o suficiente para acusar o presidente de atuar como “chefe de organização criminosa”. Do outro lado, aliados do peemedebista dizem estar preparados para uma escalada no tom da PGR e se armam para apontar suposta “violência processual” de Janot, criticando seu “rito” e sua “pressa”.

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O jornal também informa que, na tentativa de garantir sua sobrevivência no cargo, Temer decidiu adiar a votação das reformas previdenciária e trabalhista e mobilizar a base aliada para evitar seu afastamento temporário do cargo. A ordem é deixar neste momento as reformas em uma espécie de banho-maria e aguardar a apresentação da denúncia de Janot.

A intenção é deixar a votação das mudanças na área previdenciária para agosto no plenário da Câmara dos Deputados e a reforma trabalhista para o fim de junho ou o início de julho no Senado. Antes, a expectativa era colocar ambas em votação no início deste mês.  Mas agora, a avaliação é que as duas reformas “mais atrapalhariam do que ajudariam” neste momento e que o esforço prioritário deve ser o de conseguir uma votação expressiva para derrubar a denúncia. Isso sinalizaria a retomada da base aliada. Vale destacar que, se a PGR denunciar Temer, o STF terá de obter autorização da Câmara para abrir ação penal contra ele. Para impedir a investigação, o presidente precisará de pelo menos 172 dos 513 deputados.

O jornal O Estado de S. Paulo destaca ainda que, convencido de que haverá a denúncia contra ele, Temer montou uma estratégia para dar aos deputados e senadores o que eles quiserem – de cargos à liberação de emendas – e avalia até mudanças ministeriais. 

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Enquanto isso, os jornais de hoje destacam que o PSDB segue dividido sobre o desembarque do governo. Para a Folha, o  senador tucano Ricardo Ferraço (PSDB-ES) disse que o PSDB romperá com o governo “mas seguirá votando a favor e liderando as reformas, que não são de Temer, e sim da sociedade”. Em outra reportagem, o jornal destaca que mais de 20 deputados do PSDB assinaram carta endereçada ao presidente da legenda, Tasso Jereissati (CE), com posição contrária à saída dos tucanos do governo.

Assim, apesar do discurso de que há maioria pró-debandada, a sigla está rachada e uma decisão deve ocorrer na segunda-feira sobre o assunto. Nesse cenário, o Palácio do Planalto se preocupa não apenas com a possível saída dos tucanos, mas também com o “efeito dominó” em outros partidos, aponta o Estadão. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.