Temer diz ser contra reajuste do STF, rebate tese de golpe e faz “desabafo” em entrevista ao Globo

Presidente falou sobre reforma da Previdência, PEC do teto de gastos, rodada de concessões de infraestrutura e afirmou que seria absurdo interferir na Lava Jato

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo, o presidente Michel Temer afirmou ser contra o reajuste dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), destacando o efeito-cascata que isso poderia levar. “Isso daí (reajuste do STF) gera uma cascata gravíssima. Porque pega todo o Judiciário, outros setores da administração, todo o Legislativo”. Ao ser questionado se essa era uma briga que compraria, ele afirmou: “não compro contra ninguém, mas em favor do país”.

O peemedebista ainda afirmou que, agora, efetivado, vai “ser mais presidente da República”. “É claro que preciso, a partir de agora, tomar posições que podem desagradar a setores”. Porém, quando abordou as reformas que o governo quer fazer, avaliou que elas são polêmicas e não impopulares.

“Polêmicas, né? São aparentemente impopulares, mas são no fundo populares. O Lula mandou reforma da Previdência, o Fernando Henrique mandou reforma da Previdência. Hoje há uma guerra dizendo que ‘o Temer vai acabar com os direitos trabalhistas’. Eu não disse em nenhum momento isso.”

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Ao falar sobre a reforma da Previdência, ele destacou que a idade mínima de aposentadoria já está prevista de forma clara na Constituição. “Vocês sabem que na Constituição já está escrito que na Previdência geral você só se aposenta pela soma de duas condições: 35 anos de contribuição se homem, e 30 anos, se mulher; e 65 anos (de idade) se homem e 60, se mulher. Bastaria se aplicar a Constituição que estaria resolvida a questão da Previdência geral. Não sei por que, ao longo do tempo, entendeu-se que era uma alternativa, uma coisa ou outra. E não é. Está dito literalmente.” Porém, destacou que haverá muita negociação tanto para a reforma da Previdência como para a trabalhista.

“Essas ideias amadureceram muito, mas não estão concluídas. Se estivessem, eu já teria mandado. Quero reunir os líderes em algum momento, fazer reunião com as centrais sindicais, então vou levar um tempinho. Acho que não se consegue aprovar cedo. Vamos mandar, vai ter movimento de rua e vai levar tempo. Duvido que se discuta se tiver segundo turno nas eleições municipais.”

Temer afirmou ainda que não abrirá mão da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do teto de gastos: “antes de recuperar a economia tem de recuperar a confiança. Quando aprovarmos o teto de gastos, encaminharmos a reforma da Previdência e ela começar a se processar no Congresso, o país vai crescer. Crescendo, cresce a arrecadação. Se cresce a confiança, cresce a arrecadação, cresce a estabilidade social.”

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Com uma primeira rodada de concessões prevista para ser anunciada na próxima terça-feira, o presidente disse que o governo vai conceder tudo que puder. “O que for possível, concederemos, sem preconceitos. O que precisa acabar no Brasil é o preconceito.”

Mais uma vez, o presidente rebateu a tese de golpe: “acho que o golpe não pegou. Pegou como movimento político. Como movimento político é bem pensado até. Eu quero que explique o golpe (sobe o tom, bate na mesa seguidas vezes). Eu quero debater o golpe, quero que tenham argumentos. Porque o que está infernal no Brasil é essa irascibilidade. Isso está infernizando o país. Me digam qual é o golpe? Eu só quero governar. Para mim, é honroso (assumir a Presidência). Não é questão de vida ou morte”.

Ele ainda afirmou que não existe a menor possibilidade de interferir na operação Lava Jato: “jamais o Executivo vai interferir nessa matéria. Cada Poder exerce o seu papel e seria um absurdo do Poder Executivo. Primeiro, impossível, inadmissível imaginar que o presidente da República possa chamar alguém do Supremo e dizer ‘decidam assim ou assado’. Não existe isso no Brasil”, disse. “Eu jamais faria isso. Sou muito consciente dos termos da Constituição. Não tem a menor possibilidade de interferência do Executivo, nem a favor, nem contra.”

No fim da entrevista, fez um leve desabafo: “a pressão do cargo é maior do que eu imaginava.” 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.