Temer diz que governar tem sido uma “guerra”, Odebrecht muda atitude na prisão e mais notícias

Governo Temer dá prazo para Dilma devolver 20 assessores, técnicos do TCU veem irregularidade de Dilma ao pagar pedaladas, Vaccari quer fazer delação e mais notícias que agitaram a política

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O final de semana foi movimentado no noticiário político, com novas delações premiadas podendo vir à tona, além de novas informações das delações que já estão no radar. 

Em destaque, a revista Veja noticiou no final da semana que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado a 24 de anos de prisão em duas ações penais, faria delação premiada. Até então resistente à delação, Vaccari mudou sua postura e emissários da família dele estão sondando advogados especializados no assunto, diz a revista. Um dos tópicos que seriam oferecidos é a campanha eleitoral da presidente afastada Dilma Rousseff de 2014, incluindo provas documentais, diz a reportagem. A publicação ainda diz que o líder do PT na Câmara Afonso Florence e o ex-deputado paranaense Ângelo Vanhoni foram ao presídio falar com ele e relataram que a delação será uma “explosão controlada”. Isso porque os depoimentos teriam também a função de provar a “ilegitimidade do governo Temer”. 

Já na segunda-feira, a Folha afirmou que Vaccari e o ex-ministro José Dirceu, presos no âmbito da Operação Lava Jato, sugeriram a correligionários que o PT faça um acordo de “leniência partidária”, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo

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A proposta seguiria o modelo de leniência feito por empresas, em que assumem crimes e são condenadas a pagar multas. Em troca, mantêm a possibilidade de fazer contratos com o governo e seus executivos podem aderir ao acordo, ter diminuição de pena ou até perdão judicial. Segundo fontes ouvidas pelo jornal, a ideia é de Dirceu e a proposta já teria sido apresentada a pelo menos dois deputados petistas. “Não sei se foi o Dirceu que pensou nisso, mas ele defende. Pensamos nessa possibilidade e em outras. A ideia é passar uma régua na história do PT, assumir a culpa e fazer com que isso se reflita nas pessoas físicas”, disse Roberto Podval, advogado do ex-ministro na Lava Jato, à ‘Folha de S. Paulo’.

Temer fala que “tem sido uma guerra” governar
Em entrevista à Folha de S. Paulo fazendo um balanço sobre o primeiro mês de seu governo, Michel Temer afirmou: “é uma guerra, tem sido uma guerra”. Porém, ponderou, “apesar de todas as turbulências, críticas e pressões, foi um mês de sucesso”. Ele ainda fez questão de ressaltar o que chamou de “saldo positivo”  listando as medidas aprovadas no Congresso que a “Dilma não conseguia”, como a mudança de meta fiscal, prorrogração da DRU e aprovação de Ilan Goldfajn no Banco Central. 

 “Restabelecemos a interlocução com o Congresso, votamos projetos com ampla maioria e estamos retomando a confiança no país, não é pouca coisa para um começo de governo”, afirmou ao jornal.

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Governo Temer dá prazo para Dilma devolver 20 assessores
Segundo o jornal O Globo, o governo do presidente interino, Michel Temer, vai dar um prazo para a presidente afastada, Dilma Rousseff, devolver cerca de 20 dos assessores que pediu ao ser afastada do mandato. Ela será notificada pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) sobre a decisão da Casa Civil, que emitiu um parecer na sexta-feira da semana passada restringindo as prerrogativas da presidente afastada. Se a decisão não for acatada, a Casa Civil irá demitir esses quadros para reaver esses cargos. Dilma tem uma equipe de 35 auxiliares, mas o governo interino limitou o número a 15. 

Marcelo Odebrecht muda comportamento no cárcere
Matéria também do jornal O Globo destaca mudança de comportamento do empresário Marcelo Odebrecht, preso na Lava Jato desde 19 de junho de 2015, após quase um ano na prisão. Se antes ele demonstrava arrogância e prepotência, “parecendo que a ficha ainda não havia caído”. Em depoimento à CPI da Petrobras, Marcelo desobedeceu advogados e disse não respeitar “dedo-duro”, numa crítica ao instituto da delação premiada. Ele ainda enfrentou o juiz federal Sérgio Moro se recusando a responder perguntas em sua primeira audiência na Justiça e apresentando um inédito “autodepoimento”. 

Hoje, afirma a publicação, o Marcelo que hoje frequenta a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, é outro: “aparente humildade, cabeça baixa e braços para trás são hábitos que parece ter incorporado, conta quem viu o antes e depois da prisão. Leva uma pastinha com suas anotações embaixo do braço, com detalhes de sua tentativa de colaboração. Até os mais sensíveis à agressividade da estratégia da Odebrecht no início da Lava-Jato (a empresa negava ter feito pagamentos no exterior, apesar das evidências) admitem a resiliência”, destaca o jornal.

Técnicos do TCU veem irregularidade de Dilma ao pagar pedaladas
O pagamento das “pedaladas fiscais” realizados por Dilma Rousseff nos últimos dias de 2015 também é visto como uma irregularidade pelo TCU (Tribunal de Contas da União). A avaliação integra documento encaminhado na última sexta-feira ao gabinete do ministro José Múcio Monteiro, relator da prestação de contas referente ao exercício. Em documento de 117 páginas, os auditores apontam que a presidente repetiu em 2015 erros de 2014. O plenário do TCU analisa o documento na sessão da próxima quarta-feira e Múcio proporá um prazo de 30 dias para Dilma apresentar explicações. 

Marina Silva e a Lava Jato
A ex-senadora Marina Silva e o presidente a Natura e ex-candidato da vice-presidente na chapa de Marina Silva, Guilherme Leal, negaram que a campanha de 2010 tenha recebido recursos de caixa dois. Segundo o colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro se comprometeu com os procuradores a falar do caixa dois que, segundo ele, irrigou a campanha da fundadora da Rede Sustentabilidade. 

Em nota, Leal afirma que se encontrou com Pinheiro, ocasião em que foram apresentadas “as propostas da candidatura” e nega ter discutido pagamento de caixa 2 para a campanha. “Houve sinalização da OAS em apoiar a campanha presidencial por meio do Partido Verde, certamente dentro dos termos da lei, com o devido registro perante a Justiça Eleitoral”.  Já Marina Silva afirmou nunca ter usado “um real sequer em minhas campanhas que não tivesse sido regularmente declarado”.

Cunha perde apoio
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a luta de Eduardo Cunha para manter o mandato ficou mais difícil, com a perda de apoio do Planalto, do PMDB e do Centrão (maior bloco parlamentar informal do Congresso). O presidente afastado da Câmara está acuado por antigos aliados, que o pressionam para que renuncie ao cargo, e pela Lava Jato. Cunha tenta preservar o mandato para não perder o foro privilegiado. De acordo com a publicação, o presidente afastado da Câmara dos Deputados vê a preservação do mandato como única forma de não ser preso – ele teme que seus processos sejam remetidos a primeira instância e fiquem sob cuidados do juiz Sérgio Moro.

Entrevista de Deltan para a Lava Jato
Em entrevista ao Estadão, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse ser “possível e até provável” que as investigações do maior escândalo de corrupção do País acabem, destacando que os “poderosos” ameaçam a operação. 

“Quem conspira contra ela são pessoas que estão dentre as mais poderosas e influentes da República”, citando as conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente José Sarney e o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá. “É, sim, possível e até provável, pois quem conspira contra ela são pessoas que estão dentre as mais poderosas e influentes da República. À medida que as investigações avançam em direção a políticos importantes de diversos partidos, a tendência é que os que têm culpa no cartório se unam para se proteger. É o que se percebe nos recentes áudios que vieram a público”, afirmou. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.