Temer deverá melhorar economia ou Brasil irá depô-lo como fez com Dilma, diz Financial Times

Em reportagem, jornal britânico reforça cenário complicado para o presidente interino, além de destacar a discrepância da sua equipe, entre "superstars" na economia e nomes contestados em outros cargos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O jornal britânico Financial Times destacou mais uma vez a crise brasileira nas suas páginas. Desta vez, falando sobre o ministério de Michel Temer, em que mostrou nomes de grande qualidade em algumas áreas, enquanto houve divergências em diversas outras, tanto em termos de qualidade quanto de falta de consonância com o presidente interino. 

Como um dos exemplos, o jornal britânico ressalta que o novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, pareceu confirmar o temor dos piores céticos do novo governo, ao sugerir que o presidente interino poderia ignorar a tradição e não nomear o PGR (Procurador Geral da República) através de uma lista tríplice. Isso deu espaço para interpretações de que o governo Temer poderia acabar com a independência para a escolha dos procuradores. Neste cenário, Temer se apressou em repudiar os comentários do ministro, afirmando que iria garantir a independência do nome. 

“A breve controvérsia sublinhou o dilema que enfrenta Temer: com os seus compromissos de gabinete, ele está tentando equilibrar as exigências das várias partes que o levaram ao poder ante as expectativas públicas”, afirma o Financial Times. O jornal britânico reforça que uma das críticas mais contudentes do início de seu mandato veio logo após a composição de seu ministério somente com homens brancos pela primeira vez em anos. Além disso, sete de seus ministros são investigados pela Operação Lava Jato.

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“Tais demandas não são suscetíveis de influenciar Temer, no entanto. Ele está relutante em contrariar a sua delicada coalizão que montou no Congresso para apoiar sua administração nascente. Na verdade, ele sabe que este apoio é crucial se quiser atingir o que a maioria percebe como a principal tarefa de seu governo de emergência – levar a uma virada da economia doente do Brasil”. Com o PIB caindo 4%, o desemprego chegando a dois dígitos e o déficit fiscal chegando a níveis alarmantes, Temer tem que se mover rapidamente para estabilizar a economia. 

É neste ponto que o FT reforça que a equipe econômica tem sido universalmente aplaudida, com destaque para a indicação do presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, além de Henrique Meirelles na Fazenda e a nomeação de secretários altamente qualificados como Mansueto Almeida para lidar com o orçamento. 

“O fato de Temer não ter um mandato sendo eleito pode ser uma força. Como no caso do Partido Comunista da China, ele sabe que o seu mandato é baseado em um contrato social não escrito. Ele deve ter uma performance melhor em relação à economia ou o Brasil encontrará uma maneira de depô-lo assim como fez com Dilma”, diz o jornal.

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E, mesmo se ele for bem sucedido, sua administração ainda pode “desaparecer tão rapidamente quanto chegou, se Dilma sobreviver ao impeachment – o que é visto como improvável – ou se ele for implicado na Operação Lava Jato. A seleção de Temer tem falhas graves. Mas a sua seleção econômica é de ‘superstars’. Os brasileiros só podem esperar agora que o seu talento e energia se espalhem para os outros”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.