Temer avança sobre o PSDB e Aécio tenta “trégua tucana”: o que está em jogo na reforma ministerial?

Plano de reorganizar base governista ganha força após principal aliado tucano sinalizar saída "pela porta da frente"

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em meio à percepção de que o desembarque tucano do governo será inevitável e que o valor pago pela fidelidade de apenas alguns parlamentares do partido é muito alto, o presidente Michel Temer intensificou as sinalizações de que deve realizar uma reforma ministerial nas próximas semanas. Conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo no último domingo, o peemedebista comunicou a interlocutores no Congresso sobre a intenção de redistribuir cargos em 15 dias, tendo o PSDB como principal afetado.

A iniciativa tende a atender, ao menos em parte, às demandas do “centrão”, que advoga por uma reorganização da base, tendo em vista a votação da segunda denúncia contra o presidente, quando a maioria dos tucanos foi contra o governo. Segundo o jornal, a ideia inicial de Temer é reduzir pela metade o tamanho do PSDB na Esplanada dos Ministérios, aumentando o espaço para PMDB e PP. As expectativas são de que uma das mais cobiçadas pastas do governo saiam das mãos dos tucanos: o Ministério das Cidades, importante sobretudo às vésperas das eleições.

O objetivo do governo seria tornar a composição dos ministérios mais proporcional aos votos obtidos por cada partido em pleitos importantes. A iniciativa é apontada por muitos aliados como essencial para que avance a Reforma da Previdência — ainda que mais enxuta — no parlamento. Por mais que corra o risco de perder votos que hoje o apoiam, Temer calcula que tal efeito pode ser mai que compensado com a fidelidade de siglas como o PP e o PTB. Dentro do centrão, acredita-se que o PP ficará com o Ministério das Cidades, hoje comandado pelo tucano Bruno Araujo (PE).

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No último sábado, o senador Aécio Neves (MG), presidente afastado do PSDB, disse que “há um convencimento de que está chegando o momento da saída” do governo. “Vamos sair pela porta da frente. Da mesma forma que entramos”, pontuou o parlamentar. Tal declaração facilita o trabalho do presidente Michel Temer, uma vez que representa um primeiro movimento em direção à ruptura oficial. Antes das sinalizações mais claras dos tucanos, o peemedebista evitava tomar a iniciativa, mas o cenário mudou. Do lado tucano, Aécio tenta evitar uma crise ainda mais profunda, após a ríspida ação de retomar a presidência do partido e destituir o senador Tasso Jereissati (CE) da função, nomeando Alberto Goldman para a função até a convenção nacional do partido.

As movimentações recentes precisam ser entendidas já no contexto eleitoral. As trocas ministeriais devem indicar a costura feita em direção à aliança governista para 2018. Conforme observa a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, há um recado embutido na iniciativa de Michel Temer: submersos na própria crise, os tucanos estão sendo colocados à margem de uma aliança de centro. Enquanto não resolve a própria crise, o partido é colocado à margem da corrida eleitoral e pode ter grandes dificuldades para recuperar o espaço perdido. Principal nome para representar o PSDB na corrida presidencial, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ainda precisará viabilizar sua candidatura para além de seu próprio partido. Um caminho pode ser disputar a presidência do tucanato. Mas é preciso combinar com os russos (no caso, Tasso Jereissati e Marconi Perillo).

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.