Tarcísio defende reforma tributária “cuidadosa e gradual”

Governador de SP aponta que Estado poderia perder em um primeiro momento com mudança no ICMS, mas que investimentos deverão retornar aos poucos

Rikardy Tooge

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, durante a XP Agro Conference 2023 (Leandro França/XP)

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mostrou-se favorável à reforma tributária – assunto que deverá entrar na pauta da equipe econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem faz oposição, ainda neste semestre.

Freitas defendeu que a reforma seja “cuidadosa e gradual”, contemplando primeiro os impostos federais, como IOF, PIS e Cofins, para depois redesenhar o ICMS, tributo estadual, para um modelo de Imposto de Valor Agregado (IVA).

“Sempre houve oposição grande dos Estados, mas nós vamos apoiar a reforma”, reforçou o governador em sua fala no XP Agro Conference, realizado na quarta-feira (1), em São Paulo.

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Tarcísio avalia que, em um primeiro momento, a tendência é que São Paulo saia perdendo no novo desenho de impostos, especialmente com a mudança na forma de cobrança. Isso significa que quem vai recolher o ICMS será o Estado que receber o produto, e não aquele que produziu a mercadoria.

“São Paulo vai perder receita no curto prazo, mas isso vai equilibrar a guerra fiscal a longo prazo, o que tende a estimular a volta dos investimentos”, explicou.

A lógica, segundo o governador, é que muitas indústrias deixaram o Estado por conta de um benefício fiscal oferecido por outras unidades da federação – o que muitos especialistas alegam ter provocado perda de eficiência em diversas cadeias produtivas no país.

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“Por mais que se perca em um primeiro momento, ganharemos depois. E o Brasil precisa desse sistema, que precisa ser menos regressivo e oneroso. Enquanto isso não sai, vamos fazer nossa parte, dando o nosso tom para a reforma”, defendeu o governador.

Neste sentido, Freitas pretende incentivar a utilização de créditos de ICMS das empresas em investimentos. Também, se necessário, irá entrar na guerra fiscal com outros Estados para garantir investimentos a São Paulo.

Em outra frente, o governador de São Paulo defende a manutenção das alíquotas atuais de ICMS sobre gasolina e diesel. “Mas não vamos abrir mão da nossa solvência e da nossa capacidade fiscal”, salientou Tarcísio de Freitas.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br