Tarcísio de Freitas projeta até 44 leilões de infraestrutura em 2020

Em evento da XP Investimentos, ministro detalha concessões e chama atenção para interesse estrangeiro: "O Brasil é a bola da vez"

Marcos Mortari

Tarcísio de Freitas (Foto: Divulgação/Cleiby Trevisan)

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SÃO PAULO – Os temores com o baixo crescimento global e os riscos associados à guerra comercial entre Estados Unidos e China podem não ser apenas foco de preocupação, mas trunfos para o Brasil na aposta para atrair investidores estrangeiros em projetos de concessão. Essa é a leitura que faz Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura. Ele participou, nesta quinta-feira (5), do seminário “Brasil 2020“, realizado pela XP Investimentos, em São Paulo (SP).

Para Freitas, o país tem feito a lição de casa com as reformas econômicas e dado sinalizações positivas para o setor privado com projetos sofisticados de infraestrutura, atacando riscos que normalmente afugentam investimentos e oferecendo promessa de retornos atraentes em um ambiente de baixa rentabilidade para diversos ativos.

“O Brasil é a bola da vez. Há um interesse forte nos nossos projetos”, disse o ministro a uma plateia formada por investidores e empresários.

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“O cenário é extremamente favorável para nós. Temos um mundo que hoje está se debatendo com a guerra comercial [entre China e Estados Unidos], que está envelhecendo, que sofre com os efeitos da polarização política e que está desacelerando. E as economias centrais têm respondido a isso com reduções de taxas de juros – e isso faz com que nossos projetos façam muito sentido”, pontuou.

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Segundo o ministro, a meta do governo para o ano que vem é realizar algo entre 40 e 44 leilões apenas na pasta da Infraestrutura. Para efeitos de comparação, neste ano foram 28 projetos.

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“Estamos estruturando projetos para proporcionar remunerações de 9%, 10%, 11%, 12% [em termos] reais. E essas estruturações sempre são conservadoras, o que significa que há possibilidade para upside e alavancas para que se atinjam remunerações ainda maiores e que são muito interessantes quando pensamos em moeda estrangeira”, afirmou.

O primeiro leilão do ano que vem será com o trecho de Santa Catarina da BR-101, previsto para fevereiro. E o maior deverá ser o da rodovia Nova Dutra, em São Paulo, que já tem sido tratado com investidores estrangeiros. Para atrair o interesse da iniciativa privada, Freitas tem destacado o trabalho do ministério na modelagem dos processos.

“Não estamos apresentando uma lista, montamos um ambiente de negócios. Fomos atacando risco por risco que era percebido. As modelagens estão chamando muito a atenção dos investidores”, disse. Entre os principais riscos apontados por ele estão aquele relacionados a flutuações do câmbio, questões ambientais e excesso de judicializações.

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A expectativa do ministro é que apenas em rodovias sejam feitas sete concessões, envolvendo cerca de 5.000 quilômetros.

“Boa parte desses projetos já está pronta; vários estão sendo submetidos à consulta pública e outros já encerramos a fase de consulta pública e estamos encaminhando para a TCU (Tribunal de Contas da União)”, disse.

Também estão no mapa das concessões do Ministério da Infraestrutura leilões de ferrovias, portos, aeroportos e navegação de cabotagem.

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Durante a exposição aos investidores, Freitas contou que foi encaminhado ao TCU o modelo da ferrovia de integração Oeste-Leste, que deve ir a leilão no primeiro semestre. Outra meta é leiloar 22 aeroportos, em três blocos, em outubro.

No setor portuário, está nos planos a condução de estudos para a desestatização do Porto de Santos, que deverá sair do papel no ano seguinte. A pasta ainda avalia o modelo mais adequado para o processo e não descarta nem mesmo um IPO (Oferta Pública Inicial, da sigla em inglês).

“Estão todas as alternativas na mesa, estamos estudando modelos. A equipe foi à Inglaterra, lá tivemos um modelo de desestatização. Fomos à Austrália, conhecer Melbourne, outro modelo. O estudo vai nos mostrar onde criamos mais valor, se é agregando ou não São Sebastião”, afirmou o ministro.

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Em sua fala, o ministro também falou sobre as expectativas de retomada do grau de investimento junto às agências de classificação de risco. “O CDS é mais baixo do que na época do investment grade e os fundamentos estão corretos. [Está faltando] Uma pequena ideia de crescimento. Se começamos a mostrar que estamos crescendo, imediatamente essa nota de risco será corrigida. Nós temos todas as condições de retornar ao investment grade. Isso não vai ser nenhum desafio”, disse.

Meio ambiente

O ministro Tarcísio Freitas também enfatizou a importância da questão ambiental, foco de uma das principais crises do governo Jair Bolsonaro até o momento, em meio às queimadas da Amazônia, à piora nos dados do desmatamento e à demora em apresentação de respostas para as manchas de óleo na costa de estados do Nordeste.

“A gente tem que vestir a carapuça do que somos. Nós somos líderes na questão ambiental. E de repente nos permitimos entrar no papel de vilão. Não somos vilões do meio ambiente. Nós respondemos por pouco mais de 1% das emissões do planeta. O Brasil tem 42% da sua matriz energética renovável. A Alemanha tem 14%”, disse.

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“O Brasil é a maior potência agroambiental do mundo. E a carapuça que temos que colocar na cabeça é a carapuça de líder no assunto, porque ninguém faz isso no mundo melhor do que nós. E nós temos que levar o desenvolvimento para as regiões do Brasil. Porque não existe preservação do meio ambiente com pobreza”, complementou.

Em sua fala, o ministro procurou passar a ideia de conciliação entre meio ambiente e desenvolvimento e disse que o objetivo da pasta é desenvolver projetos sustentáveis que permitam acesso ao mercado verde.

Segundo ele, o ministério buscou aproximação de entidades internacionais “para trazer a visão de mudança climática” para dentro dos projetos. A iniciativa contrasta com discursos de integrantes do governo que negam o aquecimento global.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.