Sobrevivemos à “bomba TNT” (Trump and Temer); e agora, o que virá na próxima semana?

Enquanto cenário político seguirá agitado, com tensão sobre novas delações, indicadores econômicos importantes serão divulgados

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Um turbilhão de informações atingiu o mercado nos últimos dias e os investidores parecem não conseguir acompanhar tudo que acontece diante do caos político que tomou o Brasil após a delação dos irmãos Batistas, donos da JBS, impactar diretamente o presidente Michel Temer. Enquanto isso, no exterior, a situação do presidente Donald Trump piora a cada dia e ganha força o debate sobre um impeachment.

Analistas apontam que a política seguirá como o principal tema da semana, com os investidores tentando entender qual o real impacto de tudo que foi divulgado até o momento, além do risco de novas delações ou informações serem apresentadas. A cautela irá dominar a bolsa, mas nem por isso o mercado poderá deixar de lado alguns eventos que irão acontecer na próxima semana, com potencial de aumentar ainda mais a volatilidade.

“Não podemos perder o foco nos indicadores econômicos, apesar dos problemas políticos”, afirma o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Segundo ele, é impossível medir o impacto da atual situação nas reformas, “porém o Banco Central tem o instrumental necessário para dar continuidade aos cortes de juros”.

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Já Pablo Spyer, diretor de mesa de operações da Mirae Asset, o mercado ficará focado no cenário político e o momento é de cautela, mas ele destaca alguns pontos que é preciso ficar atento. Um dos principais indicadores será o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos, sexta-feira (26), às 9h30, já que a alta de juros pelo Federal Reserve é um dos assuntos internacionais mais importantes para o Brasil, segundo ele.

Na mesma linha, Vieira reforça também a importância de acompanhar a ata da última reunião do Fomc, na quarta-feira (24) às 15h. “A tendência de elevação de juros na próxima reunião do Fomc não pode ser desprezada de maneira alguma, apesar da diluição dos efeitos indiretos no mercado, através da comunicação constante da autoridade monetária”, explica o economista.

No Brasil, o principal indicador da semana será o IPCA-15, dado que serve como prévia da inflação oficial do País. Apesar disso, Spyer diz que não devemos ter grande impacto por conta deste indicador: “a inflação não é assunto dos mais importantes, porque está sob controle, na verdade, zerada no Brasil”.

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Outro ponto importante será acompanhar o Boletim Focus do BC, divulgado toda segunda-feira às 8h25. “O Focus trará informações importantes, mas nada demais é esperado – somente uma surpresa faria diferença no mercado – já que a curva de juros passou a embutir uma probabilidade completamente diferente de um dia para o outro”, afirma Spyer lembrando das mudanças de aposta de corte na Selic.

No próximo dia 31 de maio o Copom (Comitê de Política Monetária) tomará nova decisão sobre a taxa básica de juros e até a última quarta-feira a expectativa de corte de 125 pontos-base era maioria no mercado. Porém, com a “bomba” que atingiu o governo, agentes de mercado já começaram a rever suas opiniões e isso pode aparecer no relatório do BC a ser divulgado na segunda-feira.

“Agora, depois daquela bomba TNT (Trump and Temer) as probabilidades estão dividias entre 50 pontos-base e 75 pontos-base! É uma mudança radical. E não voltou ainda”, afirma Spyer lembrando da crise vivida pelo presidente Donald Trump com os escândalos envolvendo a Rússia e a demissão do diretor do FBI, o que fez aumentar os debates sobre um possível impeachment do republicano.

Por fim, um ponto importante que o mercado irá acompanhar de perto será a atuação do Banco Central no câmbio. Analistas destacaram as intervenções feitas pela autoridade na quinta-feira e como isso foi importante para evitar que o dólar disparasse mais do que aconteceu. 

“O mercado vai ficar muito atento aos leilões de sawp do BC, que são muito relevantes e pretendem acalmar os investidores, que veem no dólar uma saída segura e rápida contra o risco Brasil”, explica o diretor da Mirae. Em geral, a opinião dos especialistas é que não há como saber se realmente o pior já passou, e os próximos dias serão decisivos para entender, mas os investidores não podem deixar de olhar para alguns indicadores, que têm potencial para trazer ainda mais volatilidade para a bolsa.

Para conferir a agenda completa de indicadores da próxima semana, clique aqui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.