Sinal de alerta vermelho é ligado na campanha presidencial do PSDB: e agora, Aécio?

Fator Marina preocupa campanha de Aécio em meio a ameaças dele ficar fora até mesmo do segundo turno; todas as estratégias têm que ser analisadas com cuidado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A maior parte das pesquisas presidenciais após a morte de Eduardo Campos nem começou a ser divulgada, mas já gera uma grande dor de cabeça para a coordenação da campanha de Aécio Neves, do PSDB. Se, antes da trágica morte de Campos, era quase certo um segundo turno com Dilma Rousseff, do PT, com o tucano apostando em crescimento após o início da campanha eleitoral em rádio e televisão – quando ele passaria a ser mais conhecido e apresentaria um contraponto em relação à petista e conquistando assim também quem votaria em brancos e nulos – a situação parece ter mudado, e muito, de figura. 

O novo fator é Marina Silva, que estava na chapa de Campos como candidata a vice-presidente e que já apareceu na sua primeira pesquisa, o Datafolha, – mesmo antes de ser oficializada candidata a presidência – em segundo lugar no primeiro turno, em empate técnico com Aécio Neves. Quando a simulação é de segundo turno, a posição de Marina é bem mais confortável que a do tucano – Marina está numericamente à frente da presidente, com 47% de apoio, ante 43% de Dilma, nos limites máximos para cima e para baixo da margem de erro. Contra o presidenciável tucano, Dilma seria reeleita no segundo turno, com 47% contra 39% de Aécio. 

E, de acordo com sondagens feitas pelo próprio PSDB e outros partidos, além dos rumores da própria pesquisa Ibope, Marina já apareceria isolada em segundo lugar e vencendo Dilma fora da margem de erro. Com isso, não é à toa que o senador Jorge Viana (PT-AC) destacou preferir enfrentar Aécio à Marina no segundo turno. Na última quinta-feira, ele destacou que a candidatura de Marina acendeu um “sinal amarelo” na campanha de Dilma à reeleição e um “sinal vermelho” na de Aécio. Enquanto este movimento acontece, Aécio pede “calma” e tenta animar os aliados, avaliando até mesmo mudanças de estratégia

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Fator Marina afeta Aécio
Em meio ao crescimento da candidatura de Marina Silva, pelo menos no começo, as indicações do mercado é de que a candidatura de Aécio Neves ficasse comprometida. De acordo com o especialista do Instituto Análise, Alberto Almeida, a candidatura de Aécio corre sério risco de “derretimento e cristianização no curto prazo”, enquanto que, no segundo turno, a sua visão é que a Marina pode atrair múltiplos perfis de eleitores, incluindo petistas que hoje estão mais distantes de Dilma.

“A situação de Aécio está muito difícil”, ressalta o analista político e professor de administração pública da FGV (Fundação Getulio Vargas) Marco Antonio Teixeira uma vez que, quando ele precisava de impulso, a sua campanha entrou num fator de complicação ainda maior.

Em um cenário com Campos, que ainda era desconhecido de boa parte da população e não tinha capitalizado o desenho de mudança em votos, Aécio se preocupava mais com Dilma e mostrava-se como o agente da mudança. Agora, aponta Teixeira, o tucano terá que superar primeiro Marina Silva para chegar num segundo turno e, assim, rivalizar com Dilma Rousseff.

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“Marina Silva entra no debate para equilibrar a estabilidade econômica e as políticas sociais, buscando mostrar-se como a melhor alternativa da oposição”, afirma, o que faz com que a ex-senadora rivalize mais com Aécio. Ao mesmo tempo, o tucano está em patamares menores de intenções de voto do que os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin nas eleições anteriores, que saíram derrotados das campanhas. Aécio ainda “patina” nas intenções de voto, com cerca de 20% das intenções do eleitorado, o que mostrava que ele não capitalizou ainda as intenções de voto. Além disso, cita Teixeira, corre-se um risco também de uma debandada de quadros do PSDB para a campanha de Marina caso se confirme o maior potencial da candidata nas eleições, traduzindo-se numa preocupação direta para Aécio. 

Mas o que ele poderia fazer?
Conforme ressalta Teixeira, há algumas alternativas para Aécio reverter este quadro complicado. Em primeiro lugar, como ir direto para o embate com Marina e mostrar mais diretamente o que o difere de Marina. Porém, outros especialistas destacam que, se não houver cuidado, esta estratégia pode virar contra o próprio candidato e, desta forma, deve se tomar bastante cuidado. 

Outros pontos que já começam a ser atacados tanto por Aécio quanto por Dilma é a falta de experiência da candidata pessebista, que só teve o cargo de ministra do Meio Ambiente no Executivo, assim como a falta de uma maioria no Congresso Nacional, o que pode fazer com que o governo de Marina tenha “fortes emoções”.

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Aécio ironizou na segunda-feira a fala do economista Eduardo Giannetti à Folha de S. Paulo, que afirmou que um eventual governo Marina buscaria apoio dos líderes petista Lula e tucano Fernando Henrique Cardoso. Ele disse que “vai prevalecer o software original”. Além disso, as divergências entre o PSB e a Rede Sustentabilidade devem ser colocadas à mesa. 

Outro ponto que a campanha de Aécio parece defender é a maior atuação no Nordeste. O partido resolveu ampliar o envio de materiais publicitários no norte e nordeste e com a avaliação de que a sua agenda precisa priorizar estas regiões. Porém, aponta Teixeira, este ponto é delicado, uma vez que o PSDB não apresenta quadros significativos nas regiões. Além disso, as propostas dele para o Nordeste é de continuísmo com relação às políticas do PT, o que não mostra para a população uma alternativa viável para quem deseja mudança. 

Em relação à propaganda eleitoral, Teixeira ressalta: o governo tem o que mostrar, mesmo com controvérsias. Em sua propaganda, os petistas destacam o pleno emprego, o acesso à educação, a inclusão social, enquanto tem como vulnerabilidade as expectativas econômicas. Enquanto isso, Aécio parece como desconhecido de boa parte do eleitorado e ainda não conseguiu se transformar numa alternativa viável à Dilma, o que parece que acontece em relação à Marina. 

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Por outro lado, o diretor de pesquisas para mercados emergentes da Nomura, Tony Volpon, afirma que este cenário não irá nocautear Aécio Neves. Em primeiro lugar, as pesquisas ainda estão tendo o efeito de uma maior sensibilização em torno da morte de Eduardo Campos. Além disso, aponta, Aécio está tendo um bom desempenho contra duas candidatas bem mais conhecidas pela população e, com mais recursos políticos e financeiros que Marina, ele pode ainda ter uma corrida competitiva.

A grande questão seria se Marina Silva iria para o centro político ou se continuaria as suas divergências. Entre as suas sinalizações de que poderia governar com FHC e Lula e a fala da própria candidata de que os candidatos a senadores por São Paulo Eduardo Suplicy (PT) ou José Serra (PSDB) não iriam faltar ao seu governo se fossem eleitos, a ex-senadora parece adotar uma postura mais de centro.

E isto pode, com certeza, atrapalhar a candidatura de Aécio: “no meio do caminho do tucano, há a pedra Marina”, aponta Teixeira. A questão é se ele irá conseguir superá-la com calma e paciência ou se tropeçará no meio da trajetória. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.