“Sensação” do Novo, Romeu Zema quer privatizar Cemig e Copasa, mas não imediatamente

Em entrevista ao InfoMoney, candidato pelo Partido Novo ao governo de Minas Gerais promete gestão técnica e eficiente à frente das estatais e diz que empresas não serão usadas para resolver problema das contas públicas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma das maiores surpresas da primeira bateria das eleições estaduais, o empresário Romeu Zema (Novo) tem planos para avançar com as privatizações da Cemig (CMIG4) e da Copasa (CSMG3), caso eleito o novo governador de Minas Gerais, dois itens da lista de desejos de investidores do mercado financeiro. O candidato, porém, diz que as medidas não seriam imediatas, e que, primeiro, gostaria que as companhias atingissem um valor de mercado justo.

Em entrevista concedida com exclusividade ao InfoMoney na última segunda-feira (8), Zema assumiu o compromisso de nomear técnicos e conhecedores das atividades e estruturas das estatais para geri-las. O empresário também defendeu uma agenda de enxugamento de gastos públicos, investimento em eficiência, combate a privilégios e promoção de uma reforma tributária. Para ele, medidas extraordinárias nas empresas estatais não devem ser utilizadas para sanear as contas públicas.

“Privatizar essas empresas (Cemig e Copasa) imediatamente não é prioridade, pelo valor de mercado delas, que não vai resolver o problema de contas do estado. Mas já quero deixá-las totalmente profissionalizadas, enxutas. Pela primeira vez, será presidente da Cemig e da Copasa quem está lá há 15 ou 20 anos, e não um deputado, como tem acontecido”, afirmou o candidato.

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“Isso já vai ser excepcional para que essas empresas melhorem o desempenho. E estaremos preparando a privatização assim que o valor de mercado delas subir e remunerar melhor o estado. Esse, com toda a certeza, será o caminho”, complementou.

Ontem (8), as ações de Cemig e Copasa saltaram mais de 15% na B3, com o mercado precificando a possibilidade de uma vitória do candidato do Partido Novo na eleição mineira, o que era praticamente impensável há duas ou três semanas. A expectativa de investidores agora é que a onda laranja seja capaz de tirar do papel um plano de privatizações destas empresas.

A companhia elétrica registrou um aumento de R$ 2,241 bilhões em seu valor de mercado na sessão, passando para a cifra de R$ 14,543 bilhões, ao passo que a empresa de saneamento recuperou R$ 874 milhões, passando a valer R$ 6,496 bilhões.

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Os detalhes estão na tabela abaixo:

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O horizonte para um avanço da agenda de desestatizações, contudo, ainda é desafiador. Caso eleito, Romeu Zema terá de construir maioria na Assembleia Legislativa, onde o Novo formou bancada com 3 deputados em um total de 77 assentos. O partido com maior representação na casa continua sendo o PT, com 10 assentos. Logo atrás, MDB e PSDB contam com 7 deputados cada.

A despeito dos desafios para a onda privatizante, o mercado está apostando em mudanças caso Zema assuma o Palácio da Liberdade a partir de janeiro de 2019. “Realmente [formar uma coalizão] vai ser um desafio, mas eu sempre fui uma pessoa muito aberta ao diálogo. Quero conversar com cada um dos 77 deputados estaduais para conhecê-los e saber o que cada um tem de demanda para sua região ou categoria que representa. Quero fazer um trabalho muito diferente do distanciamento que sempre houve entre Executivo e Legislativo”, disse o empresário.

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Além do objetivo da privatização não imediata de Cemig e Copasa, Zema disse não trabalhar com a ideia de alterar a política de pagamento de dividendos da Copasa como medida para sanear as contas públicas mineiras. “Não quero o estado usando medidas extraordinárias em empresas estatais para maquiar o déficit público. Tem sido frequente o uso dessas empresas para poder piorar ou melhorar as contas públicas, de acordo com a conveniência. Sou favorável a manter aquilo que sempre foi feito”, defendeu.

O resultado das urnas em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, foi uma das grandes surpresas desta etapa das eleições. Nos últimos cinco dias de campanha antes do primeiro turno, Zema foi de 10% das intenções de voto nas pesquisas para 42,73% dos votos válidos registrados no domingo (7). De “zebra”, o empresário passou a ser franco-favorito na disputa com o senador Antonio Anastasia (PSDB). No primeiro turno, o tucano teve 29,06% dos votos válidos.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.