Senador do PT assina pedido de CPI do INSS após governo avaliar impacto político

Governistas tentam barrar investigação, mas já articulam indicar Tabata Amaral (PSB) como relatora

Marina Verenicz

Senador Fabiano Contarato (PT-ES) - Foto:  Waldemir Barreto/Agência Senado
Senador Fabiano Contarato (PT-ES) - Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

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O senador Fabiano Contarato (PT-ES) anunciou nesta quinta-feira (15) que assinou o pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão, que inicialmente poderia ser vista como contrária à posição do governo, na verdade se alinha a uma estratégia já em avaliação pelo Planalto: garantir que o foco da investigação recaia sobre irregularidades cometidas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Contarato foi o único congressista do PT a apoiar oficialmente o requerimento até o momento. Em publicação nas redes sociais, o senador afirmou que é “necessário chegar às entranhas do esquema que houve durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro”, adotando um discurso que reforça a tese do governo federal de que as fraudes começaram na gestão anterior.

A adesão do senador capixaba ao pedido de CPI faz parte de um movimento calculado pelo Planalto para garantir o controle do colegiado e evitar que a comissão se transforme em uma crise política para a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal apontam que o esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas começou em 2019, durante o governo Bolsonaro, e seguiu até 2024.

A estratégia do governo é garantir que aliados ocupem postos-chave na comissão, incluindo a relatoria, que deve ficar com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), ligada ao vice-presidente Geraldo Alckmin. Dessa forma, o Planalto espera consolidar a narrativa de que os problemas no INSS foram herdados e que a atual gestão está comprometida em corrigir as falhas e punir os responsáveis.

O pedido de criação da CPI foi protocolado na última segunda-feira (12), com o apoio de 39 senadores e 230 deputados — números que superam o mínimo necessário de 27 senadores e 171 deputados. Para lideranças do governo, ao invés de tentar barrar a comissão e correr o risco de desgaste, a melhor estratégia é garantir protagonismo e transformar o colegiado em um instrumento para expor as falhas da gestão passada.