Senado deve votar amanhã projeto com novas regras de licenciamento ambiental

Defensores do projeto dizem que mudanças vão simplificar concessões, mas os críticos alertam para os possíveis retrocessos ambientais

Marina Mota Silva

Plenário do Senado Federal (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Plenário do Senado Federal (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

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A Comissão de Meio Ambiente (CMA) e a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) aprovaram, em reuniões separadas, o projeto Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Com o aval das duas comissões, a proposta segue, em regime de urgência, para o plenário do Senado. A votação está prevista para esta quarta-feira (21).

O texto prevê normas gerais e diretrizes para uniformizar os procedimentos para emissão de licença ambiental em todo o país e simplificar a concessão de licenças para os empreendimentos de menor impacto. 

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A senadora Tereza Cristina (PP-MS), relatora da matéria na CRA, afirmou que a proposta vai permitir destravar obras de infraestrutura. “Não tenho dúvida que nós vamos, não só destravar obras públicas — o que joga fora um dinheiro que o Brasil não tem, por que estas obras começam e o licenciamento não sai e não tem como dar continuidade –, mas também para iniciativa privada, para dinheiro de fora, para investimentos que vêm de fora do pais”, defendeu a senadora.

Ela admite que é possível negociar alguns pontos com o governo. “Quem foi do executivo sabe da dificuldade que é para um governador implementar empreendimentos nos seus estados. Tem alguns pontos que a gente pode discutir, mas outros são inegociáveis,” afirmou.

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Críticas ao projeto

Durante a reunião da CMA, o senador Fabiano Contarato (PT-ES), mostrou preocupação com a possibilidade de enfraquecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

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“Nós vamos ter uma guerra ambiental no Brasil, com as suas peculiaridades e suas diferenças. Então, a licença por adesão e compromisso para atividade de médio porte, para mim, é grave. A fragilização do Sisnama, para mim, é complicada, sem a participação da sociedade civil. A desproteção dos povos indígenas tradicionais sem serem ouvidos também é um ponto que tem que ser avaliado”, apontou Contarato.

Ambientalistas também tem demonstrado preocupação com a aprovação da proposta. O Observatório do Clima enviou carta ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), alertando que o projeto tem retrocessos que representam graves riscos ao meio ambiente.

Segundo o documento, a aprovação do projeto ameaça aprofundar a poluição, o desmatamento, as emissões de gases de efeito estufa e colocar o Brasil na contramão do que promete internacionalmente, às vésperas da realização da COP-30.