Sem saída: ou o próximo presidente faz reforma da previdência ou dará calote na dívida, diz Paulo Tafner

Em entrevista ao InfoMoney e UM Brasil, economista especialista em previdência destacou que reforma por forma de PEC está descartada este ano, mas que é possível fazer alterações infraconstitucionais

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A reforma da previdência foi enterrada? Para o economista Paulo Tafner, não. Em entrevista realizada pelo InfoMoney em parceria com a UM BRASIL nesta quarta-feira (21), o especialista em previdência apontou que as mudanças no sistema de pensões têm que ser feitas e provavelmente serão, independentemente de quem for o próximo presidente.

“Queira ou não o futuro presidente, ou ele faz uma reforma da previdência ou faz o calote da dívida. Se fizer o calote da dívida, nós já sabemos [o que vai acontecer]. Acho que ele vai ser destituído se fizer o calote. Entre outras razões porque a dívida pública está nas mãos de brasileiros. Não pagar significa dar o calote em milhões de brasileiros, milhões de trabalhadores no País. Não são os banqueiros os detentores da dívida, quem fala isso é quem não conhece a dívida pública. Todo mês sai o relatório do Banco Central. Os grandes detentores da dívida pública são os trabalhadores”, aponta o economista.

Durante a entrevista, ele traça um paralelo com o governo de Fernando Collor ao ressaltar que, como foi no caso do confisco da poupança, os afetados não foram somente os ricos. Quem pagou foi principalmente a camada mais pobre da população que, inclusive, perdeu o emprego. “Teve uma crise do setor privado e no final ocorreu uma recessão. É o que vai acontecer. Então não há escolha, seja qual for o presidente. Ele pode dizer que não vai fazer, mas ele terá que fazer a reforma”. 

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Para ele, uma reforma através de PEC (Proposta de Emenda Constitucional) não será aprovada este ano. Contudo, é possível fazer diversas mudanças ainda em 2018 através de mudanças que não envolvam alteração na Constituição, através de projeto de lei ou medida provisória. Dentre elas, a fórmula do cálculo do benefício da contribuição ou a votação do fim da fórmula 85/95 – soma de tempo de contribuição e idade para mulheres e homens, respectivamente, que permite o recebimento do benefício integral. Porém, essas mudanças infraconstitucionais, mesmo que realizadas, não substituem uma reforma mais robusta à frente. 

Comentando sobre o apoio da população da reforma, Tafner ressalta que boa parte das pessoas entende que há um problema de previdência no Brasil e no mundo e que há enormes privilégios no sistema, mas que tem que ser melhor explicados para a população, ao mesmo tempo sem haver uma “demonização”.

“O funcionário público não é diretamente responsável pelos privilégios, a reforma tem que acabar com isso. (…) Mas eu já vi todo tipo de funcionário público – e a única coisa que eu não vi é funcionário público pobre. Se é verdade isso, me dá uma noção clara de que nosso sistema tem uma séria distorção e o presidente eleito pode apresentar isso com todas as letras, tendo um interlocutor que vá conversar a todo mundo”, destaca Tafner. Veja a entrevista completa no vídeo acima. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.