Sem “plano B” no PT, Ciro Gomes avança como herdeiro natural de Lula nas eleições

Para pesquisador, candidato do PDT tem sido subestimado por muitos analistas políticos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT) tem sido subestimada por muitos analistas como nome competitivo a ingressar em eventual disputa de segundo turno como representação da esquerda no pleito caso a esperada proibição a Lula seja confirmada pela Justiça Eleitoral. A avaliação é de Marcelo Souza, diretor do instituto MDA Pesquisa. Para ele, enquanto o líder petista não apresenta um “plano B”, o ex-governador do Ceará tende a ocupar o espaço de herdeiro natural. E, quanto mais o tempo passa, mais ele se firma nesta condição.

“Lula precisa resolver quem é seu plano B e quando comunicará isso. Hoje, acredito que quem já está começando a pegar esses votos da esquerda é Ciro Gomes. Tenho visto Ciro de forma bastante subestimada pelos analistas em termos de votação. Acho que ele tem um potencial interessante, já disputou duas eleições. Ele tem uma ligação histórica com o PT, já foi ministro de Lula. Acho que hoje ele talvez seja o herdeiro natural até que Lula diga de forma mais clara quem é seu nome”, afirmou durante a última edição do programa Conexão Brasília.

Segundo o especialista, nos cenários em que a candidatura de Lula não é considerada, metade de suas intenções de voto migram para brancos, nulos e indecisos, enquanto 25% dividem-se entre Ciro Gomes e a ex-senadora Marina Silva (REDE). O restante vai para os demais candidatos. De acordo com a mais recente pesquisa CNT/MDA, o primeiro pontua entre 8,1% e 9,0% nas situações sem o líder petista. Já a segunda tem algo entre 12,8% e 13,9%, a depender do cenário observado.

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Por outro lado, embora o ex-governador cearense seja um nome forte como herdeiro de Lula, o especialista acredita que, no momento em que uma candidatura oficialmente apoiada pelo ex-presidente for apresentada, a tendência é esse nome crescer de forma relativamente rápida nas pesquisas. “E historicamente o PT começa as campanhas com algo de 15% a 20% de intenções de voto qualquer que seja o candidato”, explicou.

Para Paulo Gama, analista político da XP Investimentos, o PT vive hoje uma situação paradoxal com a insistência na candidatura de Lula mesmo com as chances cada vez menores de ser permitida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 

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“É interessante observar o timing do PT para anunciar, com a substituição de Lula, quem será o candidato. Por enquanto, faz parte da estratégia do partido negar essa possibilidade, negar os efeitos das condenações da Justiça, o que pode ser paradoxal, já que, enquanto isso, uma camada dos eleitores de Lula começa a ver Ciro Gomes como o herdeiro desse espólio”, avaliou.

Se, por um lado, jogar com o calendário eleitoral pode ser estratégia interessante para embaralhar a disputa e elevar o potencial de transferência de votos de Lula, por outro, o efeito colateral é oferecer espaço para Ciro Gomes consolidar-se como herdeiro natural, o que dificultaria o trabalho em qualquer plano alternativo.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.