Sem papas na língua, Janot defende prisão de Cunha e diz que trata-se de uma “personalidade criminosa”

Segundo o procurador-geral da República, ex-presidente da Câmara tentou intimidar Michel Temer

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Em parecer encaminhado nesta quarta-feira (26) ao STF (Supremo Tribunal Federal), Rodrigo Janot defendeu que Eduardo Cunha permaneça preso em Curitiba, onde está desde outubro do ano passado, como também não “poupou elogios” ao ex-presidente da Câmara: segundo o procurador-geral da República, Cunha possui “personalidade voltada ao crime” e detém potencial delitivo capaz “de influenciar seus asseclas [adeptos], ainda ocupantes de cadeiras no Congresso Nacional”, para prosseguir com seus interesses.

O parecer de Janot foi dado em um dos três processos de habeas corpus protocolados pelos advogados de defesa de Cunha no STF. Para Janot, o ex-presidente da Câmara faz sucessivas tentativas de desviar a finalidade de procedimentos judiciais, numa demonstração da “marca da personalidade criminosa”. Além disso, o procurador-geral destacou que Cunha tentou intimidar Michel Temer ao fazer “insinuações” sobre fatos que não teriam relação ao processo que ele responde.

“O ora recorrente se valeu do processo penal para intimidar e exercer pressão sobre a figura do Presidente da República (…) insinuar a existência de relação entre Michel Temer e José Yunes, bem como sugerir que este último teria intermediado financiamento de campanhas do atual chefe do Poder Executivo Federal ou de sua legenda eleitoral, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o que não tem instrumentalidade alguma à defesa de Eduardo Cunha no caso”, enfatizou Janot.

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Para o procurador-geral da República, a condenação de Sérgio Moro a 15 anos de prisão foi muito bem fundamentada e justifica a prisão preventiva expedida. Vale lembrar que o juiz federal condenou Cunha pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas.