“Sem Levy-tação”: ministro se esforça, mas gravidade coloca economia para baixo, diz BNP

"Infelizmente, as coisas estão se revelando mais complicadas", afirma o economista do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, que prevê queda de 2,5% da economia em 2015

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após reduzir as projeções para a economia brasileira e ver uma retomada apenas em 2017, o BNP Paribas fez um relatório fazendo uma brincadeira ao comparar o nome do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com a atual situação da economia brasileira. 

Em um relatório chamado “No Levy-tation” (Sem Levy-tação, em tradução livre) o economista-chefe para América Latina no banco, Marcelo Carvalho, destaca que, apesar dos esforços do ministro para recuperar a confiança, a gravidade continua colocando a economia para baixo. 

As projeções do consenso de mercado para a economia continuam caindo, tanto para este ano quanto para o próximo, ao mesmo tempo em que o BNP reafirma as expectativas de contração do PIB em 2,5% neste ano e 0,5% em 2016. “As perspectivas para o crescimento da economia continuam piorando, apesar dos esforços formidáveis realizados pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy para ajustar a estratégia macroeconômica e aumentar a confiança nas perspectivas de longo prazo no Brasil”. 

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Carvalho ressalta que, depois de anos de política errada, a nova administração provavelmente esperava um ciclo de negócios típico: os formuladores de políticas iriam “morder a bala”, as coisas seriam difíceis por um tempo, mas a confiança seria posteriormente retomada e a economia iria se recuperar rapidamente. “Infelizmente, as coisas estão se revelando mais complicadas”, afirma o economista.

De acordo com a última pesquisa do banco central, a perspectiva para o crescimento do PIB real passou de contração para 1,5% para contração de 1,7% em 2015, “aproximando-se da previsão de queda de 2,5%” do BNP mais uma vez. A previsão do consenso para 2016 crescimento caiu, também, para 0,3% ante expectativa de alta de 0,5% na semana anterior. “Estamos persistentemente à frente da visão de consenso e acredito que outros analistas continuarão a seguir o nosso exemplo. “Nosso ponto de vista é que a desaceleração do crescimento brasileiro será muito pior do que as pessoas pensam, em meio à atração gravitacional do aperto da política monetária, mergulho da confiança, e as repercussões da corrupção e do crescente ruído político. As condições globais não estão ajudando, e não há mais espaço para a política expansionista doméstica. Por outro lado, a piora da recessão está levando a algum alívio para as expectativas de inflação a médio prazo”. 

A recessão e a moderação salarial irão colocar rédeas na inflação após o pico deste ano, embora os mecanismos de indexação (inércia) e persistentes aumentos de preços regulados possam varrer qualquer esperança de cumprimento da meta do Banco Central de 4,5% no próximo ano. Ainda assim, o governo deve estar feliz que as expectativas de inflação a partir de 2017 estão começando a convergir para a meta de 4,5%, avalia o banco.

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“Pensamos também que a recessão mais profunda e desaceleração da inflação vão incentivar o BC a mudar o discurso de fazer ‘o que for preciso’ para combater a inflação para uma abordagem mais ‘razoável'”, avalia Carvalho. Segundo o economista, o ciclo de alta das taxas vai acabar nos próximos meses, após a autoridade monetária ter trabalhado duro para reconstruir a sua credibilidade política muito danificada e é provável que mantenha a sua língua “hawkish” (dura), mesmo depois que ele pare de subir as taxas e afirme que não tem pressa para cortá-las.  

No entanto, uma vez que o BC não começe a cortar as taxas em algum momento do próximo ano, ele provavelmente estará sob enorme pressão para fazê-lo de forma agressiva. Enquanto a visão de consenso das taxas do final de 2015 continua a ser de 14,5%, as estimativas para o final de 2016 já caíram para 12,0%, ante 12,25%. A expectativa do BNP é de que os juros caiam 3 pontos percentuais em 2016, para 11,5%. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.