Sem citar Musk, Lula critica “bilionário fazendo foguete”: “Tem de viver aqui”

Um dia depois de ser atacado por Elon Musk, Lula não cita o nome do dono do X (antigo Twitter) e da SpaceX, mas afirma que "tem até bilionário tentando fazer foguete, viagem, para ver se encontra lugar lá fora"

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista concedida no Palácio do Planalto (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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Depois de ser atacado pelo bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou o empresário, nesta terça-feira (9), embora não tenha mencionado seu nome.

Ao participar do lançamento de um programa que tem o objetivo de reduzir o desmatamento e os incêndios na Amazônia, Lula afirmou que os países ricos e os bilionários do mundo deveriam assumir o compromisso de preservar a floresta e a biodiversidade, ajudando no combate ao desmatamento.

“Hoje, temos gente que não acredita que o desmatamento e as queimadas prejudicam o planeta Terra. Tem muita gente que não leva a sério o que significa manutenção das florestas, da vida no planeta, e que não tem para onde fugir. Tem até bilionário tentando fazer foguete, viagem, para ver se encontra lugar lá fora”, disse Lula.

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Além de dono do X, Elon Musk é o chefe da SpaceX – empresa do setor aeroespacial, fundada em 2002 nos Estados Unidos, que projeta, fabrica e lança foguetes ao espaço. O empresário também comanda a fabricante de carros elétricos Tesla. “Ele vai ter de aprender a viver aqui, a utilizar o muito do dinheiro que ele tem para ajudar a preservar isso aqui, a melhorar a vida das pessoas”, completou Lula, sem citar Musk.

Além da cobrança aos bilionários, o presidente brasileiro fez um apelo para que os países ricos e mais desenvolvidos contribuam com o financiamento do combate ao desmatamento na Amazônia.

“Precisamos que o mundo rico, que se industrializou muito antes de nós e não tinha a consciência de preservação que tem hoje, tenha de pagar pelo que fez no passado. Eles têm uma divida com o planeta Terra”, afirmou Lula.

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“Tem que ajudar a financiar para que a gente possa dar aos prefeitos, às pessoas que moram [nessas regiões], a certeza de que vai valer a pena preservar, ter uma agricultura sustentável, só plantar onde é possível plantar, sem destruir uma nascente, um rio. Eles têm de entender que vai valer a pena [preservar], não pode ser só discurso”, continuou.

Em mensagens publicadas em sua conta oficial no X, na noite de segunda-feira (8), Elon Musk voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que Lula foi eleito com a ajuda do magistrado, que comanda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Como Alexandre de Moraes se tornou o ditador do Brasil? Ele tem Lula na ‘coleira’”, escreveu o dono do X, insinuando um suposto conluio entre o ministro do Supremo e o presidente da República.

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“Como Alexandre tirou Lula da prisão e colocou o dedo na balança para eleger Lula, Lula obviamente não tomará nenhuma atitude contra ele. A próxima eleição será fundamental”, afirmou o dono do X.

O programa

Lançado nesta terça, o programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia prevê investimentos de R$ 730 milhões para promover combater o desmatamento e incêndios florestais em 70 municípios na Amazônia.

As cidades participantes foram responsáveis por 78% do desmatamento no bioma em 2022. Serão destinados R$ 600 milhões do Fundo Amazônia e R$ 130 milhões do Floresta+. A iniciativa faz parte do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), relançado em junho do ano passado.

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Além de Lula, participaram da cerimônia de lançamento, no Palácio do Planalto, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.