Sem Bolsonaro, maioria dos manifestantes na Paulista prefere Tarcísio em 2026

Caso o ex-presidente continue inelegível e não possa disputar a sucessão de Lula, governador de São Paulo é o preferido de seis entre cada 10 manifestantes que foram à Avenida Paulista

Fábio Matos

Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas em ato na Avenida Paulista, em São Paulo (Foto: Reprodução/YouTube)

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Seis de cada dez pessoas que compareceram à manifestação em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no domingo (25), na Avenida Paulista, veem o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o melhor para concorrer às eleições presidenciais de 2026, caso Bolsonaro continue inelegível.

A preferência majoritária por Tarcísio foi revelada por uma pesquisa realizada pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (Universidade de São Paulo).

Tarcísio foi o escolhido por 61% dos participantes, bem à frente da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que apareceu em segundo lugar, com 19% da preferência dos manifestantes.

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O terceiro mais lembrado foi o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que obteve 7% das menções na pesquisa. Também foram citados o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o general e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa Walter Braga Netto (PL-RJ), todos com 1%.

De acordo com o levantamento, 6% dos entrevistados não souberam responder e 3% disseram que não escolheriam nenhuma das sete alternativas apresentadas. Os pesquisadores ouviram 575 pessoas que participaram do ato de domingo. O grau de confiança é de 95%, e a margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.

Eleição em São Paulo

A pesquisa da USP também perguntou aos manifestantes se Bolsonaro deveria apoiar o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na disputa municipal de outubro na capital paulista – ou se o melhor era lançar um outro candidato, mais alinhado ao bolsonarismo “raiz”.

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Quase metade dos entrevistados (47%) indicou que o ex-presidente deveria lançar um outro nome para a sucessão municipal. Para 37%, Bolsonaro deveria apoiar a reeleição de Nunes, enquanto 15% não souberam responder.

Fraude em 2022

Quase nove de cada dez manifestantes que estiveram na Avenida Paulista acreditam que Bolsonaro foi o legítimo vencedor das eleições presidenciais de 2022, de acordo com a pesquisa.

Segundo o levantamento, 88% dos entrevistados disseram que Bolsonaro venceu Lula – e, portanto, que houve fraude no último pleito. Foram apenas 8% os que discordaram dessa tese e apontaram o petista como vencedor legítimo da eleição, enquanto 4% não souberam responder.

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Ainda segundo a pesquisa da USP, 94% dos participantes do ato na Paulista responderam “sim” à seguinte pergunta: “Os excessos e perseguições da Justiça caracterizam a situação atual como uma ditadura?”. Apenas 4% dos entrevistados disseram“não”, e 2% não souberam responder.

Questionados sobre o que Bolsonaro deveria ter feito no final de 2022, após a apuração das urnas mostrar vitória de Lula, 49% responderam afirmativamente para a opção da decretação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), enquanto 39% foram contrários.

Já no caso de a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal (nos moldes de interpretação defendida por bolsonaristas e recusada por magistrados), foram 42% favoráveis e 45% contrários. E a decretação de Estado de sítio foi defendida por 23%, contra 61% dos presentes na manifestação.

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Vitória política de Bolsonaro

A manifestação em apoio a Bolsonaro na Paulista representa uma vitória política do grupo liderado pelo ex-presidente, em meio às investigações da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado perpetrada por ele e por aliados. A avaliação é de especialistas consultados pelo InfoMoney.

Para eles, o bolsonarismo deu uma prova inequívoca de que segue como a principal força de oposição ao governo Lula. Além disso, Bolsonaro, que está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que tem o controle absoluto do processo de sucessão como liderança no campo da direita – e caberá a ele definir quais serão os eventuais herdeiros de seu espólio político.

O ato na Avenida Paulista teria reunido entre 650 mil e 750 mil pessoas, segundo estimativas divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo (SSP-SP). Já o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, estimou um contingente bem menor: 185 mil manifestantes.

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Apesar do sucesso da manifestação, as investigações que miram Bolsonaro e aliados sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado não devem ter seu curso alterado, segundo os analistas. Na semana passada, Bolsonaro compareceu à sede da PF, em Brasília, e optou por permanecer em silêncio, não respondendo a nenhuma pergunta dos investigadores. 

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.