Se o Brasil não fizer uma mudança essencial, não adianta fazer reforma econômica, diz Wells Fargo

De acordo com economista do banco americano, uma reforma política é muito necessária, destacando: a condenação de Lula, o impeachment de Dilma e a crise do governo Temer são consequências, e não causa dos problemas do Brasil

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Uma presidente (Dilma Rousseff) sofreu impeachment e deixou o governo; o atual presidente, Michel Temer, foi denunciado e enfrenta um futuro incerto; um ex-presidente, líder do PT e candidato às eleições de 2018 foi condenado a quase 10 anos de prisão, mas ainda possui diversos caminhos para lutar até o pleito presidencial; um Congresso onde um grande número de membros está sendo acusado de corrupção. 

Não, estas não são causas dos problemas do Brasil. Mas sim as consequências.  

Esta é a avaliação do economista sênior do banco americano Wells Fargo, Eugenio J. Alemán, que aponta quais são os principais problemas do Brasil, muitos deles ignorados na atual crise política. “O maior problema no Brasil não é a corrupção”, afirma o economista, destacando que essa é apenas a consequência e não a causa dos problemas. 

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De acordo com ele, o problema é o quadro altamente frágil e compartimentado que torna propício ao sistema político atuar de forma corrupta.

Assim, Alemán ressalta: reformar a economia, como o atual governo está fazendo, é bom. Mas não se deve esquecer do sistema político. “O que o atual presidente do Brasil está fazendo hoje é bom: tentar passar reformas econômicas de forma a permitir que a economia cresça sem a necessidade de outro boom de commodities para ajudar na expansão econômica. No entanto, o que o País necessita mais do que nunca é de uma reforma massiva e completa do sistema político, Algo sobre o qual ninguém quer falar hoje”, afirma o economista-chefe.

“No caso brasileiro, não cabe o bordão ‘é a economia, estúpido’ e sim ‘é o sistema político, estúpido'”, destaca o economista. Assim, na avaliação do economista, o que se precisa é que ocorra uma mudança do sistema de incentivos frente ao que acontece hoje (e durante toda a história deste país) na política brasileira, de modo a diminuir os incentivos à corrupção. 

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“Este, talvez, seja o maior desafio para o Brasil hoje. Sim, reformar a economia a torna mais receptiva para mudança de marés do mundo – esta é uma boa ideia. No entanto, a menos que o país altere esse sistema de incentivos à governabilidade, será muito difícil para qualquer reforma econômica cumprir a promessa de um melhor futuro para o país como um todo”, destaca ele.

Assim, o economista aponta ser lamentável que pouco esteja se falando sobre a necessidade de reforma do sistema político no Brasil de hoje. “Até então, qualquer coisa que for feita em termos de reformas econômicas tem poucas possibilidades de mudar o caminho para a eterna promessa brasileira de ‘ser o país do futuro'”. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.