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SÃO PAULO – Apesar de não ter provocado grandes oscilações na corrida presidencial até o momento, a paralisação dos caminhoneiros trouxe efeitos relevantes para a política brasileira. Na avaliação do analista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, e autor do Mapa Político (disponível na Loja de Relatórios do InfoMoney), uma das primeiras consequências relevantes do movimento foi a nova alta na desaprovação sobre a gestão do presidente Michel Temer, o que tende a trazer ainda mais dificuldades à centro-direita nas eleições.
Segundo pesquisa Datafolha, feita entre 6 e 7 de junho, cresceu para 82% o percentual de eleitores que avaliam o atual governo como ruim ou péssimo. Em abril, este número era de 70%. O grupo de entrevistados que considera a gestão ótima ou boa, por sua vez, recuou de 6% para 3% no período. Já as avaliações regulares caíram de 23% para 14%.
O resultado é similar ao apresentado por pesquisa feita pelo Ipespe, encomendada pela XP Investimentos. De acordo com o levantamento, feito entre 4 e 6 de junho, 81% dos eleitores consideram o governo Michel Temer ruim ou péssimo, enquanto 15% o avaliam como regular e 3%, ótimo ou bom. Duas semanas antes, eram 73% de avaliações negativas, 21% de regulares e 5% de positivas.
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“O aumento da rejeição dificulta a campanha eleitoral dos projetos presidenciais associados ao satus quo, que especialmente na sua dimensão reformista. Esse quadro praticamente joga por terra a narrativa oficial de que o País está no caminho certo. O processo de impeachment não cumpriu a promessa de minimizar o mal estar econômico, aos olhos do eleitorado”, observou Cortez no Mapa Político desta semana. A íntegra da análise está disponível na Loja de Relatórios InfoMoney.
“A principal regra para analisar tendências eleitorais é aquela que olha para o efeito da avaliação de governo no comportamento do eleitor: governo rejeitado dá espaço para vitória da oposição. Se o Brasil fosse um país bipartidário, o resultado eleitoral já estaria definido antes da eleição se realizar. A oposição ganharia essa disputa”, afirmou.
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Para Cortez, a dificuldade de se antecipar o processo eleitoral brasileiro refere-se à combinação da crise da polarização entre PT e PSDB e os desdobramentos políticos da operação Lava Jato. De um lado, a derrocada do petismo, oriunda sobretudo da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou um eleitorado sem rumo. Do outro, tucanos emprestaram credibilidade a Michel Temer e foram fortemente atingidos pelas acusações envolvendo o senador Aécio Neves, o que gerou dispersão do eleitorado, que caminho para candidaturas como as de Jair Bolsonaro (PSL) e Álvaro Dias (Podemos).
“O crescimento de Bolsonaro é o retrato da incapacidade do PSDB em navegar na crise do seu maior rival”, diagnosticou o cientista político no relatório semanal Mapa Político.
Na avaliação do especialista, do ponto de vista das estratégias eleitorais, a paralisação dos caminhoneiros e seus efeitos capturados pelas pesquisas recentemente divulgadas praticamente inviabiliza a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), o que seria uma boa notícia ao ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
“Esse potencial, contudo, só será materializado se o tucano ampliar o arco de alianças de sua campanha. Reduzir o número de candidatos é tarefa relevante para o PSDB, que precisa contar com tempo de televisão”, explicou. Para Cortez, a pesquisa também deve reforçar decisão de Alckmin de se distanciar do governo, evitando, assim, maior contaminação pela rejeição à gestão Temer.
Resta saber se o movimento será suficiente para blindar os tucanos, após participarem ativamente da coalizão que liderou o impeachment de Dilma Rousseff e da composição do governo Michel Temer.
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