Se Bolsonaro for eleito, Paulo Guedes será ministro até o fim do mandato? Não importa, o mercado está otimista

Sondagem feita pelo InfoMoney mostra que 57% dos analistas, gestores e economistas de 23 relevantes instituições do mercado financeiro brasileiro não acreditam na longevidade do "posto Ipiranga". Nem por isso eles estão pessimistas com Bolsonaro

Marcos Mortari

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Seja por representar um freio à possível volta de um governo menos alinhado com os valores do mercado financeiro, seja pela expectativa por uma gestão de Paulo Guedes à frente de um superministério para a área econômica, investidores estão otimistas com a resposta dos ativos a uma possível vitória do deputado Jair Bolsonaro (PSL) na eleição presidencial.

Com a consolidação de uma disputa de segundo turno entre ele e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), o que se observa na bolsa é uma reação positiva do Ibovespa a cada prova de resiliência do parlamentar e negativa cada vez que o petista mostra chances de vitória.

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Em uma sondagem feita pelo InfoMoney com gestores, analistas e economistas de 23 das principais instituições do mercado brasileiro mostram otimismo com o potencial de alta da Bolsa. A mediana dos especialistas ouvidos durante a ExpertXP 2018 – maior evento focado em investimentos do mundo – coloca o Ibovespa a 98 mil pontos (o que daria uma alta de cerca de 25% em relação ao patamar atual) e o dólar a R$ 3,60 (cerca de 11% de queda) no cenário mais otimista.

Um gestor consultado chegou a projetar o índice a 150 mil pontos e a moeda norte-americana a R$ 3,40. Nesta pergunta, não houve nenhuma referência aos nomes dos candidatos. Mas, antes, 91% dos entrevistados haviam dito que o mercado desistiu da candidatura do antes preferido dos investidores, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Isso já provoca novos posicionamentos dos atores financeiros, olhando como o mais favorável ao mercado justamente Bolsonaro. 

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Fonte: InfoMoney (veja a íntegra da sondagem)

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No caso específico da candidatura de Bolsonaro, quando questionados se a euforia com ele se dá mais em função da figura do próprio parlamentar ou com a possibilidade de a esquerda não retornar ao poder, 19 entrevistados (82,6%) responderam a segunda opção. Outros quatro (17,4%) afirmaram se tratar de uma combinação dos dois elementos ou a primeira opção.

Neste grupo, a figura de Paulo Guedes (frequentemente chamado por Bolsonaro de “posto Ipiranga” de sua campanha), nome conhecido no mercado, ajuda a trazer maior credibilidade ao candidato do PSL no mercado financeiro, a despeito de seu histórico de votações considerado pouco alinhado a valores liberais.

Por outro lado, um ruído na campanha de Bolsonaro envolvendo a possível recriação da CPMF, ideia ventilada por Guedes em reunião com investidores, explicitou as diferenças entre os dois. Na ocasião, após a proposta tributária ganhar espaço na imprensa, o candidato usou sua conta no Twitter para negar. O que se observou nos dias seguintes foi uma série de cancelamentos de agenda por parte do economista. No último domingo, eles buscaram aparar as arestas.

“Uma pessoa só não faz verão. Mesmo que seja alguém competente como Paulo Guedes, como foram [Pedro] Malan e [Antonio] Palocci no passado. Sozinho, não é quem vai resolver nossos problemas. Sua importância na campanha é ser um contraponto ao que Bolsonaro foi durante toda sua carreira. Se ele foi convencido e mudou de verdade, aí Paulo Guedes não é necessário, mas algumas ações são necessárias antes para indicar. Quem tem a caneta é ele”, pontuou Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos.

Questionados sobre se acreditavam que Paulo Guedes ficaria à frente do ministério de Bolsonaro durante os quatro anos em eventual mandato, 56,52% dos gestores, analistas e economistas entrevistados pela sondagem InfoMoney/ExpertXP responderam negativamente. Apenas 30,43% dos respondentes expressaram otimismo com a continuidade do “posto Ipiranga” em eventual governo do PSL. 

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Fonte: InfoMoney (veja a íntegra da sondagem)

Quatro anos de Paulo Guedes? Não importa

Mas, então, de onde viria o otimismo dos investidores se a maioria imagina a saída de Paulo Guedes antes do fim dos trabalhos?

Gestores consultados lembram que o primeiro ano de um mandato é o mais importante, por ser o momento em que o governo tem maior capital político e condições para implementar uma agenda de reformas. Além disso, é no início da gestão que se forma a equipe de governo, não apenas os comandantes das pastas.

“As diretrizes de um governo, o corpo técnico, são formadas no primeiro ano. O segundo escalão é importante, não só o ministro da Fazenda. Mesmo se ele não ficar no final, acho menos relevante”, observou um gestor que não quis ter sua identidade revelada.

“Não tenho certeza [se Paulo Guedes fica até o fim]. Se ficar, será um mandato longo. Não é normal um Ministro da Fazenda ficar tanto tempo assim no cargo. Mas, na verdade, o que tentamos entender aqui é o time todo de Bolsonaro, toda sua equipe econômica”, explicou Henrique Bredda, gestor da Alaska Asset Management.

Ele ainda ressalta que Paulo Guedes é o mais famoso, mas existe um time grande de economistas. “Então, se ele não ficar, entra um Paulo Guedes genérico com a mesma cabeça: liberal, pró-privatização, contenção de despesas etc. Seria bom que ficasse. [Apesar de ser um feito incomum,] Tudo indica que sim. Parece que vestiu a camisa. É muito diferente de [Joaquim] Levy, que foi algo forçado no governo Dilma [Rousseff]“, complementou Bredda.

De qualquer forma, aos que torcem para que Guedes fique até o final, um ex-sócio dele na JGP e no Pactual que pediu anonimato ao InfoMoney, deu uma boa notícia. O gestor afirmou que, no que depender do “posto Ipiranga” de Bolsonaro, ele vai até o fim do mandato em caso de eleição do candidato do PSL. “Paulo Guedes me disse que fica até o final. Se o navio afundar, ele tira a família do Brasil e continua aqui”. Assim, na alegria ou na tristeza, o “casamento” de Guedes e o possível governo Bolsonaro pode durar longos anos. 

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.