Saída de Palocci reduz pressões sobre Governo, mas não dissipa dúvidas

Substituição de um dos nomes mais prestigiados junto ao mercado, contudo, não deve gerar efeito negativo nos mercados

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SÃO PAULO – Se os investidores fossem perguntados sobre quais fatores levavam à confiança na estabilidade econômica do País, antes de Dilma Rousseff iniciar seu mandato como presidente em 2011, certamente Antonio Palocci seria uma das respostas. 

A fama do agora ex-ministro da Casa Civil como fiador da política fiscal prudente vem do início do governo Lula, quando foi ministro da Fazenda. Junto a Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, Palocci ajudou a contornar a desconfiança inicial e ganhou a simpatia dos mercados.

Sua saída do Governo com um pedido de renúncia foi o capítulo final de uma novela iniciada por denúncias sobre o crescimento de seus rendimentos, os quais levaram a suspeitas sobre enriquecimento ilícito e tráfico de influência.

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Sem trégua
A despeito do arquivamento do processo pelo procurador-geral da república, a oposição ao Governo não deu sinais de satisfação e continuou a pressão pela investigação – que, entretanto, deve perder fôlego, já que nesta manhã o Senado rejeitou convidar para que Palocci fosse das explicações sobre seu patrimônio, como queria a oposição.

 “A saída colocará um fim no ruído político”, opina o economista para América Latina do Société Générale, Alejandro Cuadrado. O analista também não espera que a substituição de um dos nomes mais prestigiados junto ao mercado gere um efeito negativo sobre a avaliação do risco relacionado ao Brasil. “Vemos o efeito geral para os mercados como neutro”, avalia Cuadrado.

Mais que um simples barulho, a pressão sobre Palocci restringiu seu espaço de atuação política. “O Governo perde um articulador político reconhecidamente capaz, além de um excelente interlocutor do empresariado nacional”, pondera relatório da consultoria MCM, que completa: “mas tais atributos já estavam prejudicados”.

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Deriva
Ainda segundo a MCM, não se espera que a troca na esplanada dos ministérios signifique “qualquer mudança política importante na política econômica”, ainda que o principal favorecido pela mudança possa ser o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para a consultoria, Palocci poderia ser um adversário no debate econômico dentro do Governo.

“O apoio do Governo [a Palocci] tinha um custo político, que poderia levar a aumento do gasto público para reconquistar o apoio”, pondera o economista do Société Générale.

A surpresa
Se a saída de Palocci não foi um choque para o mercado, que já antecipava há dias a queda do ministro,  a presidente Dilma Rousseff surpreendeu em sua decisão de indicar a senadora Gleisi Hoffmann para o cargo, mudando a “cara” da Casa Civil de um órgão articulador para uma posição gerencial. Isso indica que pode haver uma necessidade de reforçar a articulação política do governo, o que pode trazer novas mudanças no alto escalão, como no Ministério das Relações Institucionais. 

“Quadro ascendente dentro PT e cotada para disputar o governo do Paraná em 2014, ela, contudo, ainda é inexperiente na política nacional. Terá que lidar com um cargo complicado que ceifou a cabeça de três entre quatro de seus antecessores”, afirmou a MCM. Além disso, a nova ministra da Casa Civil pode sofrer com “fogo amigo” dentro do PT, já que já havia se manifestado pela saída de Palocci. 

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