Sabia que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto, diz Janot em despedida

"Entrego o cargo no próximo dia 17 com a convicção serena que militei até o último instante na defesa dos compromissos constitucionais assumidos há mais de 30 anos", disse

Rodrigo Tolotti

Ex-procurador-Geral da República, Rodrigo Janot (Crédito: Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse hoje (14) que vai deixar o cargo com a convicção de que militou na defesa dos compromissos constitucionais. Janot participou da última sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) como representante do Ministério Público Federal (MPF) na Corte.

A partir da segunda-feira (18), ele será sucedido pela nova procuradora, Raquel Dodge, após dois biênios no cargo. A despedida ocorreu minutos após ele apresentar denúncia contra o presidente Michel Temer e integrantes do PMDB.

“Entrego o cargo no próximo dia 17 com a convicção serena que militei até o último instante na defesa dos compromissos constitucionais assumidos há mais de 30 anos”, disse o procurador. Após deixar o cargo, Janot continuará na PGR como subprocurador da República. 

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“Confrontados com nossos problemas seculares, a imagem que se revelou de nossa organização política é pungente. O Brasil, tal qual um paciente submetido a gravoso tratamento, convulsiona no processo curativo do combate à corrupção”, afirmou Janot reforçando que a Corte foi “firme” e “não se acovardou” diante das investigações da Lava Jato.

“Foram tantos momentos que citar todos excederia em muito o tempo que não vou roubar. A retidão dessa casa na condução do processo jurídico criminal mais complexo e delicado que essa casa já vivenciou: a Lava Jato. O STF foi firme, respeitou as leis e a Constituição, mas não se acovardou sob o pálio da pseudoprudência em que facilmente se escondem os interesses vis”, disse.

Janot ainda falou sobre os ataques que sofreu no tempo em que esteve no cargo: “Tenho sofrido nessa jornada, que não poucas vezes pareceu-me inglória, toda a sorte de ataques. Resigno a meu destino, porque mesmo antes de começar, sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e promotor de corrupção, cimentado por anos de impunidade e de descaso”.

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Raquel Dodge foi indicada para o cargo de procurador-geral pelo presidente Michel Temer a partir da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República, que deu origem à lista tríplice enviada ao presidente para subsidiar sua escolha. Em julho, ela foi aprovada pelo plenário do Senado por 74 votos a 1 e uma abstenção.

Mestre em direito pela Universidade de Harvard e integrante do Ministério Público Federal há 30 anos, Raquel Dodge é subprocuradora-geral da República e atuou em matéria criminal no Superior Tribunal de Justiça.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.