Roubini critica resgate das agências e classifica EUA como país socialista

Um socialismo de ricos, com socialização das perdas e privatização dos lucros, afirma o professor da Universidade de NY

Giulia Santos Camillo

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SÃO PAULO – “Esses hipócritas do governo Bush, que vomitaram durante anos a glória de um capitalismo selvagem irrestrito no estilo laissez faire, permitiram que a maior bolha de crédito se desenvolvesse sem nenhum controle, causaram a maior crise financeira desde a Grande Depressão e agora são forçados a realizar a maior intervenção do governo e nacionalização da história recente da humanidade, tudo pelo benefícios dos riscos e bem relacionados”.

Por esse trecho do texto publicado em seu blog, nota-se claramente a opinião do professor Nouriel Roubini, da Universidade de Nova York, acerca do plano de resgate do governo norte-americano para as agências de financiamento hipotecário, Fannie Mae e Freddie Mac.

Para ele, foi a política adotada nos anos de governo Bush que levou ao desencadeamento da crise nos EUA: a administração, guiada por uma ideologia dos mercados livres, sem intervenção ou regulamentação do governo, induziu o país ao atual cenário e à realização da maior nacionalização da história.

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Socialismo dos ricos

Com a clara referência à antiga União Soviética, Roubini afirma que os “camaradas” George W. Bush (presidente dos EUA), Henry Paulson (secretário do Tesouro dos EUA) e Ben Bernanke (presidente do Fed) transformaram o país na URSSA (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas da América).

Ao contrário da tendência de privatizações e reformas liberais adotada pelos principais mercados emergentes e fomentada por esse mesmo governo, os EUA acabaram de realizar a maior nacionalização da história da humanidade, que aumentou tanto os ativos quanto os passivos públicos em US$ 6 trilhões cada.

“O socialismo está realmente vivo e bem na América; mas esse socialismo é para os riscos, os bem relacionados e Wall Street. Um socialismo em que os lucros são privatizados e as perdas são socializadas, com a conta de US$ 300 bilhões sendo cobrada do contribuinte norte-americano”, afirma Roubini, citando, além da ajuda a Fannie e Freddie, a intervenção na Bear Stearns.

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Por fim, o professor cita com desdém outros fatores que mostram o socialismo dos ricos: o uso das folhas de balanço do Fed, com a troca de Treasuries por títulos privados ilíquidos e podres, a utilização do sistema de empréstimo imobiliário federal para injetar liquidez em financiadoras hipotecárias problemáticas e o uso da SEC (Securities and Exchange Comission) na manipulação do mercado acionário, com as restrições acerca de posições short (vendidas).

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