Rosenberg classifica resultado do PIB como “tétrico” e vê potencialização do “efeito Marina”

"É cedo para a oposição cantar vitória, claro, quando ainda falta um mês para o pleito presidencial; mas é inegável que um retrato tão ruim da economia, ratificado pelos dados, acabará tendo efeitos políticos", afirmam os economistas da consultoria

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após o PIB decepcionar no segundo trimestre, a Rosenberg Consultores Associados revisou para baixo, assim como outras instituições, a perspectiva para o PIB de alta de 0,8% para alta de 0,5%, classificando os resultados de “tétricos”. “Esta trajetória leva em conta uma recuperação no terceiro e quarto trimestre, da ordem de 0,5% em cada um (na comparação com o anterior, em termos dessazonalizados).

Apesar da confiança continuar em níveis tragicamente baixos, os economistas ressaltam que este possível desempenho – que seria um mero reflexo de uma “volta à normalidade” – não é nada animador para quem começou o ano com um carregamento estatístico de 0,6%. “Para 2015, fizemos leve revisão da projeção, de 0,9% para 0,8%, contando com um carregamento mais baixo”, afirma a consultoria.

Mas, afirma a Rosenberg, os dados apenas confirmam o “quadro de deterioração do sentimento dos agentes, que os indicadores de confiança já vem mostrando há tempos e, no melhor estilo do ‘é a economia, estúpido!’, podem explicar a alteração do cenário político visto nas últimas pesquisas”. 

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E, mais do que isso, os números a serem replicados e esmiuçados pela imprensa podem potencializar o efeito “Marina”, que vem se observando nos últimos dias. “É cedo para a oposição cantar vitória, claro, quando ainda falta um mês para o pleito presidencial; mas é inegável que um retrato tão ruim da economia, ratificado pelos dados, acabará tendo efeitos políticos”, afirmam os economistas da consultoria.

Já para a Nomura, as razões para um quadro de desaceleração da economia não são difíceis de entender. “Apesar dos já bem conhecidos desincentivos aos investimentos criadas pela volatilidade política e a desajeitada intervenção em muitos setores, o setor privado tem de lidar com o risco político de uma eleição fortemente contestada, onde o principal candidato, a presidente Dilma Rousseff, prometendo mais do mesmo em um eventual segundo mandato. “Uma vez que ninguém realmente acredita em ‘mais do mesmo’ é possível, e que 2015 será um ano de ajustes, as empresas têm, basicamente, decidiu dar um ‘tempo’ até outubro”, afirma. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.