Renan chama Temer de mordomo de filme de terror em carta; Cunha “vira” Angélica na Lava Jato

Enquanto o presidente do Senado ressuscita apelido cunhado por ACM para o atual vice-presidente, Cunha ganha um apelido bem peculiar entre os investigadores da Lava Jato

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A crise política se acirra cada dia mais, levando os ânimos a se exaltarem entre políticos até dos mesmos partidos, mas também levando a situações curiosas. 

O  embate entre o vice-presidente Michel Temer (SP) e o presidente do Senado Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB, foi praticamente declarado publicamente ontem – e gerou até uma nova carta, desta vez do senador para o presidente do seu partido.

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Renan havia responsabilizado o vice pela divisão no partido. Temer, que também é presidente do PMDB, articulou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), uma reunião da Executiva Nacional, que aprovou resolução estabelecendo que novas filiações de deputados federais e senadores sejam possíveis somente após o aval da Executiva do partido. “Não quero analisar quem tem força ou quem não tem no PMDB. Só quero lembrar da responsabilidade do presidente do partido. É ao presidente do partido que cabe construir a unidade partidária. Não é difícil isso. A quem serve a divisão do PMDB? Dividir o PMDB para quê? O papel do presidente do PMDB é construir a união dessas forças todas, desses setores todos. O presidente tem responsabilidade nessa divisão”, criticou Renan.

Temer respondeu em nota e disse que a comissão executiva do partido tem “plena competência” para tomar decisões em nome da legenda. O vice disse ainda que a executiva pode tomar decisões que “preservem o partido de manobras e artimanhas que quebrem artificialmente a vontade expressa legitimamente pelas suas instâncias internas”.

Irritado com a resposta de Temer, Renan cogitou escrever uma tréplica com duas provocações pessoais, informam a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo. De acordo com senadores, Renan contou que pensava escrever uma nota chamando Temer de “mordomo de filme de terror” e dizendo que o vice havia trocado de emprego, tendo virado carteiro. A expressão “mordomo de filme de terror” foi cunhada por Antônio Carlos Magalhães em 1999, quando teve um embate com o hoje vice.

Renan levou um esboço de seus escritos e pediu a opinião de colegas no plenário. Ele disse que iria sugerir ao vice que, se perdesse o cargo, Temer poderia pensar em outros empregos, como “mordomo de filme de terror ou carteiro”. 

“Não envie carta alguma, o senhor não deve se rebaixar”, aconselhou um senador petista a Renan ainda nessa quarta, no plenário, informa o Estadão. As considerações não foram suficientes e Renan resolveu consultar outros colegas no jantar de Natal oferecido por ele na residência oficial. Porém, senadores convenceram o colega de que seria uma má ideia. Além disso, alguns parlamentares já levantaram a hipótese de Renan não enviar mesmo a carta para Temer, já que, mostrando seus escritos para vários parlamentares, já teria feito com que o recado chegasse ao vice. 

E, segundo a coluna Painel, da Folha, Eduardo Cunha também ganhou apelido entre os investigadores da Lava Jato. “Agora, ele é chamado de Angélica, a intérprete do sucesso dos anos 80 ‘Vou de táxi’ —referência ao veículo encontrado na casa do deputado no Rio”, destaca o jornal.

Na terça-feira, ao realizarem operação de buscas e apreensão na casa de Cunha, no Rio, agentes da Polícia Federal avistaram estacionado na garagem um táxi branco, com placa de Nilópolis (cidade na Baixada Fluminense), registrado em nome de Altair Alves Pinto. Em delação premiada, Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Lava Jato, disse ter entregue a Alves Pinto dinheiro destinado a Cunha. 

O painel também afirma que os primeiros trechos da música parecem ter sido feitos sob encomenda: “Quem será que vem me acordar?”, em referência ao horário em que os agentes da Polícia Federal cumprem os mandados. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.