Renan Calheiros na presidência do Senado desagrada governo Bolsonaro e alas da oposição

Emedebista é um dos nomes cotados para disputar o comando da casa legislativa, mas ainda não confirmou sua candidatura

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Os esforços de Renan Calheiros (MDB-AL) para ser reconduzido à presidência do Senado Federal na próxima legislatura já têm provocado uma contraofensiva entre novos parlamentares eleitos. Conforme noticia a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, até mesmo entre um grupo de congressistas que articulam oposição ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) o emedebista enfrenta resistência.

De acordo com a coluna, um dos líderes do grupo, o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), disse a Renan que ele deveria esperar mais dois anos para voltar a postular o cargo. O grupo de senadores, que reúne integrantes do PDT, PSB, Rede e do PRP quer formalizar nesta semana o bloco com a divulgação de um manifesto e ainda tenta atrair nomes do PSDB, PP e até do DEM, apesar de o partido contar com três deputados indicados para o ministério do próximo governo.

Além de Renan, alguns dos nomes cotados para a imprevisível disputa pelo comando do Senado são: Simone Tebet (MDB-MS), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Álvaro Dias (Podemos-PR) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Em entrevista ao canal GloboNews, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) reiterou que o novo governo não tem interferido nas eleições para o comando das casas legislativas, mas não escondeu sua contrariedade à candidatura do emedebista.

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“Eu converso com todo mundo, mas apoiar o Renan Calheiros não tem a menor condição. Acho que é uma pessoa que também precisa entender esse momento que o Brasil está vivendo. E eu fico imaginando o seguinte: o que o Renan Calheiros pode estar oferecendo aos senadores para pedir voto, tendo em vista que será uma pessoa que não vai ter essa força que tinha em outros governos junto à máquina do governo federal”, afirmou Flávio.

“Se ele insistir com a candidatura, certamente uma parte considerável do Senado não vai caminhar com ele, é contra sua eleição. Então, de qualquer forma, haverá uma candidatura a ser colocada por esse segmento de senadores que não vai caminhar junto com Renan Calheiros. Então, vamos conversar para saber até onde ele quer ir com isso, qual é a intenção”, continuou. Para ele, o perfil ideal de um presidente para a casa é de um parlamentar ficha-limpa, conhecedor da instituição, que tenha bom trânsito e esteja alinhado com o espírito de renovação expresso nas urnas em outubro.

Ontem, Renan divulgou uma série de mensagens sobre sua possível candidatura à presidência do Senado. Por meio de sua conta no Twittter, o senador reeleito disse não querer ocupar o posto “a qualquer custo”, mas admitiu a possibilidade de se candidatar e disse que o MDB, por ter a maior bancada na próxima legislatura, teria “o direito de indicar o candidato”.

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Nas postagens, Renan criticou um de seus principais adversários na disputa, o tucano Tasso Jereissati, e procurou manter um distanciamento do PT, embora seu nome conte com a simpatia de nomes do partido. “Se for contra o Tasso, deverei ganhar no PSDB, no PDT, no Podemos, no DEM. Aliás, essa hipótese dificilmente se viabilizará, porque as urnas deram ao MDB o direito de indicar o candidato”, escreveu.

“Segundo, porque Tasso continua patrimonialista (tudo que os brasileiros mostraram não querer mais)”, atacou. “Há três meses, eu estava cuidando da campanha em Alagoas e o Tasso me ligou desesperadamente para que eu viesse a Brasília aprovar a manutenção do subsídio da indústria de refrigerante. Imagine: continua produzindo coca-cola e obrigando os cearenses a pagar 100% do custo da produção, inclusive da água, que nessa indústria representa 98%. E ainda querendo que o Senado continue a pagar o combustível do seu jato supersônico”, continuou.

O senador reeleito também manifestou preocupação com o equilíbrio institucional e a relação com o STF (Supremo Tribunal Federal) e a Presidência da República. “Mais do que qualquer um, eu sei — porque já vivi — que democracia nenhuma sobreviverá sob a coação de ministro do Supremo tentando afastar chefe de Poder por liminar. Nesses anos todos, a única coisa que aprendi foi que, quando você empossa um presidente eleito — e já empossei três presidentes diretamente –, ali, naquela hora, quando as instituições estão reunidas, ninguém individualmente salva ninguém. Tem que ser uma ação coletiva, nunca isolada”, afirmou.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.