Renan aponta para disputa entre Cunha e PSDB no governo e pode prejudicar reforma da Previdência

"Se [Michel Temer] não está fazendo esta leitura, deve estar equivocado pelas decisões que tomou", alertou o ex-presidente do Senado

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) criticou o que entende como uma disputa entre PSDB e um grupo de deputados comandado por Eduardo Cunha no governo, movimento que também ocorre em consequência a decisões tomadas pelo próprio presidente Michel Temer. Na avaliação do ex-presidente do Senado, o ministro Eliseu Padilha “deveria voltar imediatamente” de sua licença médica para evitar que Cunha coloque um aliado na Casa Civil.

“A política se compreende pelos sinais. Os últimos sinais emitidos pelo governo com as nomeações é que há uma disputa interna entre o PSDB e o núcleo originário da Câmara dos Deputados, que foi liderado pelo Eduardo Cunha”, afirmou o parlamentar a jornalistas na tarde de quarta-feira (9), conforme pontuou o jornal Folha de S. Paulo. O peemedebista evitou críticas a Aloysio Nunes (PSDB-SP), escolhido pelo governo para substituir José Serra no comando do Ministério das Relações Exteriores, mas atacou a escolha de Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça, de André Moura (PSC-SE) para a liderança do governo no Congresso e de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para a liderança do governo na Câmara.

“Se [Michel Temer] não está fazendo esta leitura, deve estar equivocado pelas decisões que tomou”, complementou Renan, que ainda aproveitou para citar o ex-presidente argentino Juan Domingo Perón. “Política não se aprende, se compreende”, complementou. Para o senador, que esteve com o ministro da Secretaria-Geral do governo, Moreira Franco, se Padilha não reassumir logo o cargo na Casa Civil, o ex-presidente da Câmara colocará no lugar o atual subchefe para Assuntos Jurídicos da pasta, Gustavo do Vale Rocha.

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Na última quarta-feira, Padilha recebeu alta médica após ser submetido a uma cirurgia para a retirada da próstata, em Porto Alegre. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro enviou mensagens em grupos de peemedebistas no WhatsApp informando que voltará ao Palácio do Planalto na segunda-feira.

Na conversa com jornalistas, Renan também chamou atenção para a tentativa do PMDB da Câmara de afastar o senador Romero Jucá (RR) da presidência do partido. O ex-presidente do Senado também vê uma reorganização do chamado “Centrão” — antigo grupo de Cunha e que agora tem como um dos articuladores o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), seu aliado.

A jornalista d’O Estado de S. Paulo Vera Magalhães diz que o apelo de Renan tem por trás uma disputa por mais espaço na estrutura de cargos do governo federal. Desde que deixou a presidência do Senado, o peemedebista viu seu poder diminuir e tem no horizonte as dificuldades para se reeleger no ano que vem. Conta a jornalista que Renan tem disputado espaço em Alagoas com o ministro do Transporte Maurício Quintela (PR). Vera Magalhães conclui afirmando que o senador não estaria preocupado com o ganho de espaço de Eduardo Cunha no governo, mas sim com as perdas geradas em eventual saída de Padilha, com quem o alagoano tem interlocução mais fácil.

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Os movimentos de Renan Calheiros indicam uma insatisfação com o governo, e que pode trazer problemas na tramitação de projetos importantes, como a própria reforma da Previdência. Vale lembrar que, na semana passada, o peemedebista disse que o texto enviado pela equipe de Michel Temer era “exagerado”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.