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Atualizada às 16h53
SÃO PAULO – Mais uma vez, o relatório Focus revelado na segunda-feira (22) mostrou uma revisão para baixo na atividade econômica brasileira não somente para 2015, mas também para 2016. Porém, ainda para o ano que vem, a expectativa é de uma leve alta na atividade: variação positiva de 0,7% ao ano, o que não deixa de ser uma recuperação diante de uma contração de 1,45% prevista para esse ano.
Os economistas da Planner Corretora, Ricardo Tadeu Martins e Cristiano de Barros Caris destacam que, como a atividade econômica em 2015 está dada – ou seja, daqui até o final do ano os números não melhoram – , o que assistiremos será o comércio varejista recompondo estoques, trabalhando no limite da necessidade, a indústria ajustando-se a essa demanda e os números melhores que podem aparecer será em função da base comparativa que começará a ser considerada quando da desaceleração mais forte a partir do 2º semestre de 2014.
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Porém, não há motivo para ânimo: 2016 deve ir praticamente pelo mesmo caminho de 2015. Destacando a pesquisa Focus da semana passada, quando os economistas previam crescimento de 0,9% do PIB em 2016, eles destacam que já há economistas prevendo crescimento de apenas 0,3%.
“Como pode-se observar, o pessimismo do mercado está sendo vencido”, avaliam os economistas da Planner, destacando que o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) veio acima do esperado – 0,99% em junho ante topo das estimativas de 0,88% -, assim como o Caged. Enquanto o mercado esperava fechamento médio de 50,6 mil postos de trabalho, o número divulgado foi de um fechamento de 115,6 mil, com destaque para o setor industrial com 60,9 mil postos de trabalho. Além disso, o IBC-Br do BC apontou desaceleração da atividade econômica brasileira de 0,84% em abril, quando o mercado esperava retração média de 0,4% e máxima de 0,68%.
“O ideal nesse cenário e que poderia aliviar para as empresas, seria uma desvalorização maior do real, levando ao aumento da produção nacional e o escoamento via mercado internacional, com consequente melhora da balança comercial, mas mesmo o BC não renovando parte dos contratos de swap cambial, o que permitiria esse movimento, a atratividade da taxa de juros tem convidado capitais a internarem e brecarem esse movimento”, afirmam os economistas da Planner.
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Para o economista e diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, está claro que a atual política econômica não ressuscita a economia extremamente deteriorada que o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff deixou para o segundo mandato.
Ao mesmo tempo, afirma, o ajuste fiscal e o realinhamento dos preços administrados “não encontra a economia em condições de responder aos anseios do governo, provocando uma expressiva retração que já coloca em absoluta duvida o alcance da meta de superávit fiscal, o que coloca o país em risco de perda do grau de investimento, mesmo que venha a revisar a meta para projeção inferior à comprometida”. O que foi entregue para a nova equipe econômica só desanima e surpreende negativamente a cada dia.
Desta forma, diz Nehme, em uma economia não responsiva aos anseios do governo, a tendência era enorme de que “o remédio se transformasse em veneno”. “É exatamente isto que estamos vivenciando nesta fase em que a percepção indica que tudo pode piorar, o que só leva a se intensificar a perda de confiança nos rumos da economia, e da recessão”, afirma.
O empresariado observa a situação, afirma Nehme, e está mais propenso a desinvestir ao invés de investir, e então o emprego se retrai ofuscando a renda dos assalariados, seja pela perda efetiva do emprego, seja por perceber o risco de que isto ocorra, e a inflação continua se acentuando de forma pesada, e assim, o consumo naturalmente resulta menor, num ambiente que também já sinaliza a redução dos salários.
O Focus mostrou o IPCA para o final do ano elevando a projeção para 8,97%; contudo, Nehme destaca que a inflação está subestimada, pois leva a crer que será acima disso. Mais uma vez, a regressão da atividade industrial deve ser acentuada com a elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,25% ao ano.
Contudo, muito se contesta também sobre o impacto da alta da Selic para além da atividade, mas também sobre as contas públicas. Quando houve o último aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, a dívida interna foi elevada em R$ 11 bilhões, o que pode levar ao aumento da dívida pública e enfraquecer as premissas para que o Brasil continue com grau de investimento.
Em meio ao todo cenário de dificuldades, a expectativa fica pela redução da meta fiscal, de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) para 0,6%, que teria sido sinalizada pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, de acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.Contudo, hoje, o ministro da Fazenda comentou durante coletiva que o governo nega revisar a meta de superávit primário.
“Ainda é precipitado fazer qualquer movimento em relação à meta. Não adianta querer tirar o sofá da sala. Tem uma série de ações que vamos ter de tomar. Vamos fazer uma avaliação normal [da programação orçamentária] e estamos tomando as medidas necessárias, com bastante transparência e segurança”, disse.
Situação externa
Ao mesmo tempo, a Planner destaca que o Fomc (Federal Open Market Committee) sinalizou que aguarda orientação do conjunto de indicadores para elevar sua taxa básica, com o mercado apontando ajuste de 0,25 ponto percentual em setembro. Porém, para eles, há dúvida com relação a esse movimento, já que a contração do PIB americano no 1º trimestre de 2015 teve pouca influência do clima, trazendo como consequência a forte retração do investimento do setor de petróleo, greve de portos e efeitos do câmbio mais valorizado.
Por fim, há a questão chinesa: a economia do país que também poderia amenizar a retração da atividade econômica brasileira apresentou crescimento de 6,1% na produção industrial, quando comparado a maio de 2014. Apesar de em linha com as expectativas, é fraco considerando-se os padrões passados.
“Aqui cabe uma ressalva de que o mercado parece nunca admitir e tomar isso como bons números. Ou seja, mesmo com as constantes desacelerações os números chineses são enormes e sobre uma base constantemente maior. Numa base 1.000, um crescimento de 12% desacelerando 2% ao ano até 6%, significa um crescimento médio de 8,9%, tendo essa base evoluído para 1.409. É uma base muito alta. Sabemos que a China vem tendo problemas que merecem atenção, mas seu crescimento continua adicionando um substancial valor ao PIB”, afirmam.
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