Reforma não vai mudar posição do PDT no Congresso, diz novo ministro das Comunicações

Em entrevista realizada antes do anúncio oficial de Dilma, André Figueiredo diz disposição para o diálogo, mas atuação do partido independe do ministério

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O anúncio do novo ministério da presidente Dilma Rousseff confirmou os nomes que já eram comentados nos bastidores nos últimos dias, mas uma das grandes questões que ainda paira no ar é se agora, de fato, haveria uma reconstrução da base aliada no Congresso Nacional. A perda abrupta de apoio no Legislativo ao longo dos últimos meses pelo governo foi um dos principais fatores a levarem Dilma a promover uma nova rodada da dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios. A ideia foi ampliar o diálogo com as bancadas governistas e aceitar nomes sugeridos por elas, visando maior representatividade na coalizão.

Procurando entender como o PDT deve se posicionar daqui para frente após a reforma, o InfoMoney entrevistou o então líder do partido na Câmara, deputado André Figueiredo (CE). Nesta manhã, o parlamentar foi apresentado como novo ministro das Comunicações do governo – ocupando o lugar de Ricardo Berzoini, que foi deslocado para a Secretaria de Governo (pasta criada da fusão entre Relações Institucionais e Secretaria Geral da Presidência). A entrevista foi realizada na véspera, quando o anúncio oficial ainda não havia sido feito. Confira os melhores momentos:

InfoMoney – O que o senhor espera do comportamento do parlamento após essa reforma ministerial?
André Figueiredo – A bancada do PDT, inclusive o presidente Carlos Lupi quando esteve com a presidente na semana passada, sempre deixou muito claro que o apelo dela para que pudéssemos contribuir para a governabilidade do país não poderia significar abrir mão dos princípios que têm norteado nossa atuação na Câmara. Sempre fomos muito francos quando íamos votar contrariamente ao governo. Portanto, em nada vai mudar o nosso posicionamento de votar com o governo em 80%/90% das matérias – que não atentam contra nossos princípios. E, quando eventuais matérias contrárias aos nossos princípios são encaminhadas, nos manifestamos previamente ao governo que votaremos contra, tentando contribuir nesse processo para o aperfeiçoamento das matérias.

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IM – Houve um aumento no diálogo? Nesses últimos dias, Dilma tem assumido a responsabilidade de conversar diretamente com as lideranças.
AF – Ainda não. A presidenta Dilma, nas últimas semanas, tem tomado iniciativas louváveis no sentido de aproximação entre Executivo e Legislativo. E eu tenho tido muita convicção de que, tomando para si as regras do processo, ela pode melhorar bastante esse relacionamento. 

IM – Um dos critérios usados por muitos especialistas para mensurar a proporcionalidade entre a participação nos ministérios e o tamanho de bancada no Congresso é o Orçamento discricionário a que cada partido passa a ter em mãos. Nesse quesito, o PDT aparece como o último partido da base. Existe uma distorção? O partido tem pouco espaço no ministério da presidente?
AF – A atuação da bancada do PDT independe da pasta. O que sempre lamentamos nesse processo todo foi o esvaziamento a que foi submetido o ministério do Trabalho, independentemente de estarmos à frente dele ou não. É um ministério que tem uma história de lutas por um Brasil com mais inclusão através de emprego e renda, e que realmente foi esvaziado no decorrer desses últimos anos. Nós sempre defendemos uma revitalização do ministério do Trabalho como instrumento proativo de geração de emprego e renda. Isso, nos últimos anos especificamente, tem sido esvaziado. 

IM – Desde que ganharam força essas divergências entre o PDT e o governo, quando as pautas do ajuste fiscal que mexeram com direitos trabalhistas começaram a ser votadas no Congresso, existe agora uma disposição maior para o diálogo pelo partido com essa iniciativa recente da presidente de conversar pessoalmente com as lideranças?
AF – Existe essa disposição para o diálogo. Agora, do nosso lado, mesmo que se mude a forma, o conteúdo não se muda em relação às críticas destinadas à política econômica do governo. Mas o PDT não é único partido da base que tem essas críticas. Uma boa parte do próprio PT compartilha delas. 

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IM – Qual é o significado da reforma ministerial? Qual é a importância dessa iniciativa nesse momento?
AF – Se ela não se pautar por barganhas de ocupação de cargos unicamente, ela é indispensável para a aproximação. Alguns partidos realmente norteiam suas ações com base nas funções que ocupam. Agora, a presidente Dilma não pode, até pelo momento difícil que o país passa – e não creio que seja isso que esteja norteando as ações dela -, reformar uma equipe ministerial única e exclusivamente para atender disputas de partidos por cargos. Temos a expectativa de que a equipe possa ter uma competência técnica e disposição política de enfrentar os problemas, e, consequentemente, fazer com que essa crise política não retroalimente a crise econômica. 

IM – Essa reforma conduzida caminha mais para o sentido da barganha ou para a formação de nomes técnicos, capazes de enfrentar essa crise?
AF – Eu tenho a expectativa e acho que a intenção da presidenta é unir a questão da articulação política e dos partidos que apoiam e adequar dentro da equipe ministerial, sem esquecer em nenhum momento a disposição de qualificar tecnicamente o ministério cada vez mais.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.