Reforma ministerial se impõe e Temer pode se ver obrigado a afastar Padilha e Moreira Franco

Se quiser aprovar a Reforma da Previdência e dar continuidade à agenda econômica, o presidente não poderá abrir mão de decisões complicadas no curto prazo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O efeito devastador causado pelos primeiros vazamentos de delações de ex-executivos da Odebrecht pela Operação Lava Jato amplia a pressão sobre o governo Michel Temer em meio à crise política em que está imerso. As alegações que colocam o presidente no centro de um suposto pedido de R$ 10 milhões para contribuições a campanhas eleitorais do PMDB testam a resiliência da coalizão, centrada na ampla base parlamentar e no endosso — neste momento mais cético — dos grandes players do mercado financeiro, que apostam na agenda econômica assumida pela atual gestão.

Após a queda de importantes quadros do ministério do peemedebista, como o mais recente caso de Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), também aumentam as apostas de que os dois nomes políticos sólidos remanescentes deste governo com pouco mais de três meses de efetividade também tenham que deixar suas respectivas pastas. Até o momento, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Programa de Parceria de Investimentos) garantem que permanecem na tropa de choque de Temer.

Há quem já trabalhe com o cenário de que virada do ano obrigará o presidente a promover uma reforma ministerial, que deve incluir até mesmo a substituição de Padilha e Moreira Franco. Para que tal operação seja bem-sucedida, no entanto, seria preciso que ela ocorra sem resistências da dupla, para que Temer não se veja diante da animosidade de importantes aliados — do contrário, o estrago seria grande.

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Outro passo da reforma ministerial exige que o peemedebista convoque ministros acima de quaisquer suspeitas, levando-se em consideração o desgaste sofrido pelo governo e seu atual estado de maior fragilidade. Para se ter uma ilustração do quadro, segundo pesquisa recente realizada pelo instituto Datafolha, 63% dos brasileiros querem que o presidente renuncie ainda neste ano para que seja possível eleição indireta para seu sucessor.

Algumas movimentações já foram ensaiadas pelo governo e devem ser postas em práticas em breve. É o caso da oferta de maior espaço à bancada do PSDB no ministério, com a nomeação do deputado Antônio Imbassahy (BA) para a Secretaria de Governo, antes ocupada por Geddel. O grande contratempo se dará com a já percebida reação do chamado “centrão”. Temer deverá ser capaz de construir um acordo com os parlamentares desse grupo a fim de não ver sua agenda de votações prejudicada por qualquer insatisfação.

Ainda são apenas cenários, mas que dão a possibilidade a Temer para refundar um curto governo em sérios problemas. Se quiser aprovar a Reforma da Previdência e dar continuidade à agenda econômica, o presidente não poderá abrir mão de decisões complicadas no curto prazo.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.