Reforma da Previdência: o que os analistas acharam dos 2 nomes escolhidos para a comissão especial?

Anúncio de Marcelo Ramos (PR-AM) para a presidência e Samuel Moreira (PSDB-SP) para a relatoria da proposta no colegiado agrada especialistas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Dois dias após a proposta de reforma da Previdência ter sua constitucionalidade aprovada na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), a Câmara dos Deputados instalou, nesta quinta-feira (25), comissão especial para analisar o mérito do texto. O evento marca uma nova etapa para a tramitação da proposição no parlamento.

Já no primeiro dia de atividade, os membros do colegiado aprovaram os nomes de Marcelo Ramos (PR-AM) para a presidência e Samuel Moreira (PSDB-SP) para a relatoria do texto.

O primeiro será responsável pela condução dos trabalhos, por decisões sobre requerimentos e pelo próprio calendário. Já o segundo, terá a missão de conduzir negociações com parlamentares, realizando concessões e costurando apoios

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As escolhas agradaram analistas políticos ouvidos pelo InfoMoney, por atraírem o chamado “centrão” para o processo e colocar mais um experiente defensor da reforma nas negociações.

Confira as avaliações de três especialistas:

João Villaverde, analista sênior da consultoria MGA (Medley Global Advisors)
As escolhas são muito boas. Samuel Moreira goza da confiança absoluta de Geraldo Alckmin, presidente de seu partido. Isso é muito importante e o diferencia de outros parlamentares do PSDB. É sempre muito importante, na política, e especialmente no Congresso Nacional, ter um parlamentar em cargo-chave que goza da confiança do presidente nacional de seu partido.

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Ele é um político testado, foi presidente da Alesp, sabe fazer política, e foi secretário da Casa Civil do governo Alckmin. Portanto, sabe lidar com diferentes grupos de pressão. Agora vai estar sob a pressão da oposição, governo, centrão, sindicatos de servidores, empresários, imprensa, mas tem experiência e é um nome muito positivo.

Para a presidência da comissão, com todo o poder gigantesco de agenda que o cargo dá, [Marcelo Ramos] é um nome do centrão. O PR é um partido muito simbólico nesse sentido, porque tem tanto parlamentares que são entusiastas da reforma e que devem votar por ela, como parlamentares que a abominam e vão votar.

O fato de as decisões acontecerem ainda em abril deixa claro que a reforma tem chance muito alta de ser aprovada pela comissão especial. A dúvida que fica é o que vai ser aprovado, porque 95% das mudanças que ocorrerão serão feitas por esta comissão.

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Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores
São boas escolhas. O relator é um político hábil, bom negociador, experiente e forte defensor da reforma. Também ganhou por ser mais próximo a Rodrigo Maia, em comparação com outros nomes cotados. Já na escolha do presidente, o vínculo com o centrão também é um bom sinal.

Leopoldo Vieira, analista político da consultoria Idealpolitik
O anúncio do presidente Marcelo Ramos (PR-AM) e do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) para a comissão especial que analisará o mérito, onde se espera uma desidratação maior da economia fiscal do projeto, é uma boa notícia ao mercado.

Os dois nomes afastam o risco da dupla cogitada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, desde antes do encaminhamento da proposta: Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ligado ao centrão e, portanto, tendenteria a forçar que o governo negocie uma coalizão em troca da aprovação da reforma; e Mauro Benevides (PDT-RJ), ex-auxiliar de Ciro Gomes e tendente a sugerir mudanças que prejudicariam a economia da proposta por causa de suas posições mais sensíveis a preservar o regime dos servidores públicos das mudanças propostas. 

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Ramos tem trajetória ligada à esquerda (PCdoB e PSB), mas apenas conduzirá a agenda de trabalhos e não é uma liderança do centrão. Ligado a Maia, deve cumprir um calendário aderente aos comandos do presidente da Casa, que tem agido pela tramitação da reforma, apesar de ser um crítico da articulação política do presidente Jair Bolsonaro.

Já Moreira tem uma carreira vinculada aos chefões tucanos José Serra, Geraldo Alckmin e João Dória Jr., todos com compromisso histórico com a responsabilidade fiscal – o último, um esforçado militante por um grande acordo em torno da reforma. Moreira tem ampla experiência em gestão pública em nível municipal e estadual sob um viés liberal.

O risco de desidratação para uma economia bem abaixo do R$1 trilhão não saiu do radar. Contudo, as condições de diálogo para proteger o projeto ficaram maiores. O relator, que mediará a negociação nesta etapa, tem clareza, por exemplo, que os dados negativos do emprego e da inflação têm relação direta com a necessidade da reforma.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.