Reforma da Previdência ainda em 2018? Governo Temer promete, mas mercado não compra ideia

Assunto voltou aos holofotes nesta semana após Michel Temer dizer que irá procurar o candidato eleito para propor a retomada da reforma

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O consenso entre a maior parte dos economistas é de que a reforma da Previdência é condição básica para que o próximo presidente coloque o país nos eixos e traga as contas públicas para um ponto de equilíbrio. A urgência para as mudanças foi deixada de lado com a aproximação das eleições, uma vez que o tema não é nada popular, e com a intervenção militar no Rio de Janeiro.

No entanto, o assunto voltou aos holofotes nesta semana após o presidente Michel Temer dizer na segunda-feira (24) que irá procurar o candidato eleito – tão logo as urnas indiquem o vencedor da corrida eleitoral – para propor a retomada da reforma. Até o fim do ano, Temer pretende convencer seu sucessor da necessidade de revisão imediata do sistema.

Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, endossou a intenção do governo e disse que a reforma previdenciária é uma necessidade para o país. Depois de ter jogado a toalha em relação a qualquer possibilidade de aprovação da reforma neste ano, o mercado volta a acreditar nessa possibilidade? Segundo os economistas consultados pelo InfoMoney, a realidade está bem longe disso. 

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“Particularmente, acho isso um certo jogo político. Quando havia condições concretas para a aprovação, no final de 2017 e início de 2018, e que beneficiaria o MDB em termos políticos, eles não fizeram. Não vejo nenhuma mudança no Congresso para provável aprovação neste ano”, diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. 

Depois de muito sobe e desce do Ibovespa no ano passado com expectativas alimentadas e desfeitas com a reforma, Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos, afirma que “tem zero disso no preço” do Ibovespa hoje, o que significa que a Bolsa pode subir bastante caso o cenário se converta para essa realidade no fim do ano, mas as chances não são animadoras. “Isso vai depender muito de quem for eleito e do governo de transição. É possível, mas não é o cenário mais provável”, avalia.

No cenário que se desenha para o segundo turno até aqui, com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) se enfrentando, Luketic avalia que a incerteza maior do mercado recairia sobre o candidato petista. “Todos os candidatos falam sobre reforma, mas Haddad é o que tem mostrado comprometimento menor com essas reformas e o mercado tem um ceticismo muito grande com ele e sobre tamanho e intensidade de sua eventual reforma”, explica. 

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No caso de Bolsonaro, o analista da XP conta que seus assessores econômicos vêm falando em apresentar uma nova reforma, o que gera dúvidas sobre quanto do texto aprovado até aqui seria aproveitado. 

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Correndo por fora

Fora da corrida presidencial e do governo, Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central de Fernando Henrique Cardoso, coordena um grupo de economistas e juristas que preparam uma proposta de reforma da Previdência.

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirmou entregará a proposta de uma reforma mais “ousada” que a enviada pelo governo de Michel Temer ao Congresso e que permitiria uma economia de R$ 110 bilhões por ano, durante 10 anos. A proposta de reforma que está no Congresso permite fazer uma economia de R$ 40 bilhões ou R$ 45 bilhões por ano, em uma década. 

“Estamos falando de um ajuste necessário de R$ 350 bilhões por ano, então veja que a proposta de reforma da Previdência, como está, resolve apenas uma pequena parte. Estou coordenando um grupo, sob o comando de Paulo Tafner, que está elaborando uma proposta independente e apartidária de reforma da Previdência que permitiria uma economia bem maior”, disse.  Apesar das propostas serem bem vistas pelo mercado, os investidores ainda não acreditam que ela acontecerá em 2018. 

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