Recessão ainda é difícil de prever, mas desaceleração é evidente nos EUA, diz gestor

Economista discorda e já vê sinais contrários ao mau humor do mercado, mas ambos veem governo com menor poder de fogo

Publicidade

SÃO PAULO – Com o aumento vultoso da aversão ao risco nos últimos dias, já surge no mercado o questionamento se, de fato, os EUA caminham novamente para a recessão.

Para o gestor João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, ainda é difícil mensurar qual risco real da tendência recessiva, porém, a desaceleração já salta aos olhos com redução contínua da previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano em 2011, que já caiu pela metade – de 3,0% para 1,5%. 

Frente ao cenário, o gestor explica que os últimos dias do mercado de ações precifica uma perspectiva “catastrófica”, embora qualquer cautela seja pouca quando sobram incertezas.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

Jaqueta XP NFL

Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano

Já Jason Vieira, economista da Apregoa, vai no sentido contrário, e classifica o clima dos últimos dias como “mau humor instalado” e cita o relatório mensal de emprego dos EUA divulgado nesta sexta-feira (5) como sinal de que o cenário não é tão preocupante. Para ele, agentes bearish (pessimistas, com perspectivas de perdas) com posições vendidas estão “procurando pêlo em ovo” para jogar as bolsas para baixo.

2008 outra vez?
Mesmo sendo difícil prever a dimensão de uma eventual nova crise, tanto Brugger quanto Vieira consideram o nível do estoque de munição anticrise do governo norte-americano um fator a ser observado com atenção.

Desde que a crise de 2008 estourou, os EUA puderam realizar injeções de capital, alívios monetários para aumentar a liquidez do mercado e corte de juros. “Hoje o cenário é totalmente diferente e o país vê seu potencial de intervenção limitado pela percepção de deterioração fiscal e a taxa básica de juros no patamar mínimo”, acredita Brugger.

Continua depois da publicidade

Por outro lado, Vieira aponta que a recém aprovada elevação do limite legal de endividamento público permite ao país, mesmo em escala muito menor em relação a 2008, implantar as medidas de estímulo que forem necessárias. “Apesar da redução do poder de fogo, o problema hoje também é muito menor”, explica o economista.

Política e eleição
Além disto, fatores políticos podem começar a pesar cada vez mais daqui para frente, pois os EUA encontram-se há pouco mais de um ano das eleições presidenciais e a batalha entre democratas e republicanos pode colocar um peso sobre o poder de ação do estado frente ao complexo cenário que se anuncia.

“O impasse sobre o teto da dívida foi um indicativo das dificuldades que o país pode enfrentar”, prevê Brugger. Com isso, o já desgastado presidente Barack Obama deve encontrar cada vez mais dificuldade para dar respostas ágeis ao mercado, sem contar o risco político de abraçar medidas que possam afetar sua popularidade.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.