Rating, queda na avaliação e CPI: Dilma teve uma semana para ser esquecida

Embora queira deixar esta semana para trás, presidente da república pode ter mais uma dor de cabeça nos próximos dias: os pedidos de "volta Lula"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Dilma Rousseff deve estar “implorando” pelo final desta semana. Enquanto o Ibovespa comemorou sua segunda semana seguida com alta superior a 5%, a presidente deve estar bastante preocupada sobre o seu futuro, em meio à série de baques que ela sofreu de segunda a sexta-feira, guiados por três fatores principais – e um fator adicional que pode ganhar forças nos próximos dias.

1. Rebaixamento de rating
A “maré ruim” para a presidente Dilma Rousseff já começou na segunda-feira (24), com o rebaixamento do rating soberano do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, passando de BBB para BBB-. Os problemas apontados pela agência foram: a política fiscal, a contabilidade criativa, o crescimento baixo, o ambiente de maior vulnerabilidade externa e a expansão dos bancos estatais.

Enquanto o governo procurou se defender, a oposição, principalmente os prováveis candidatos à presidência, criticaram a gestão Dilma. Aécio Neves, do PSDB, destacou que a decisão da S&P “coroa uma temporada de equívocos cometidos pelo governo da presidente Dilma Rousseff na área econômica, mas não só nela”. Enquanto isso, Eduardo Campos, do PSB, afirmou que o governo não tem “mostrado capacidade de enfrentar o desafio e mudar o jogo”. 

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2. Instalação da CPI da Petrobras
Isto acontece em um cenário em que o lado “gestora” de Dilma já vinha sendo contestado pelo mercado, principalmente após a explosão do caso da compra de Pasadena, que custou US$ 1,18 bilhão para a Petrobras (PETR3;PETR4), sendo que a refinaria valia muito menos. A aquisição da refinaria foi apoiada por Dilma que, contudo, afirmou que tinha tomado as suas decisões apoiada em um um relatório “falho” e “incompleto” feito pelo diretor financeiro da companhia, Nestor Cerveró. 

Porém, em ata de março de 2008, Dilma teceu elogios rasgados à Cerveró. Ela era presidente do Conselho da petrolífera e registrou os “agradecimentos do colegiado” ao diretor, ressaltando a “sua competência técnica e o elevado grau de profissionalismo e dedicação demonstrados no exercício do cargo”. 

Em meio a esse cenário, ganhou forças a protocolação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar denúncias de irregularidades envolvendo a petrolífera. E os potenciais candidatos à presidência, Aécio Neves e Eduardo Campos, acabaram se utilizando destas polêmicas para afetar a imagem de gestora da presidente.

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3. Pesquisa registra queda da popularidade de Dilma
E, na véspera, mais um baque para a presidente. A divulgação da última pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) foi bem recebida pelo mercado, mas com certeza deve ter sido uma grande dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff. 

A pesquisa mostrou que o percentual de pesquisados que consideram o governo de Dilma Rousseff bom ou ótimo caiu sete pontos percentuais em março deste ano na comparação com novembro de 2013 – indo de 43% para 36%. Foi a primeira vez, desde julho do ano passado, logo após os protestos na rua, que a presidente interrompeu a trajetória ascendente da avaliação positiva. 

Conforme aponta a LCA Consultores, esses números negativos chegam em um momento politicamente complicado para a presidente Dilma, justamente quando a oposição conseguiu apoio de senadores da base governista no Senado para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) a fim de investigar a Petrobras sobre a compra da refinaria de Pasadena, que saiu por um valor bem mais alto do que realmente valia. 

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“A queda da popularidade do governo reduzirá sua capacidade de enfrentar dissidências no Congresso, ou aumentará o custo, medido em termos de distribuição de cargos e verbas, para conter os rebelados. Prejudicará também a tentativa do governo de convencer alguns senadores a retirar assinaturas do requerimento de criação da CPI”, destacam os economistas da consultoria.

4. Volta Lula?
A LCA ainda aponta que os números ruins do Ibope devem também dar algum fôlego ao movimento “volta Lula”. Desta forma, Dilma está em uma situação bastante complicada em termos políticos e o lançamento do ex-presidente pode vir a ser uma alternativa para que o PT mantenha-se governando o País.

Os dados do setor público brasileiro até surpreenderam positivamente, ao apontar para superávit primário de R$ 2,130 bilhões em fevereiro, muito melhor do que o esperado, impulsionado pelos bons resultados dos governos regionais. Com o desempenho, no mês passado, a economia para pagamento de juros da dívida ficou em 1,76% do PIB (Produto Interno Bruto) em 12 meses, aproximando-se da meta ajustada para o ano, de 1,9%, informou o Banco Central. Contudo, estes dados ainda mostram que o resultado está abaixo da meta e que há grandes desafios a serem enfrentados pela presidente. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.