Rating do Brasil será rebaixado em 2014, afirma economista-chefe do Barclays

A deterioração dos indicadores econômicos do País, segundo Marcelo Salomon, é a principal causa para a possível mudança de avaliação das agências de risco

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A combinação entre baixo crescimento econômico, deterioração fiscal, piora da relação dívida/PIB e capacidade reduzida de investimento na economia brasileira deve culminar no rebaixamento do rating brasileiro frente às agências de classificação de risco, segundo o economista-chefe para a América Latina do Barclays, Marcelo Salomon, em entrevista ao Correio Braziliense.

Para Salomon, o Brasil precisa de um choque de credibilidade promovido pelo próprio governo. “O que precisa estar claro é que o setor público não pode continuar a se expandir nos próximos dois ou três anos, é o setor privado quem tem que crescer. A equipe econômica tem de estimular os investimentos”, afirmou o economista do banco inglês.

A eliminação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre aplicações estrangeiras em títulos públicos, na opinião de Salomon, foi uma intervenção que veio em boa hora e criou vantagens ao investidor brasileiro. No entanto, o economista critica o intervencionismo do governo e diz que as 42 medidas que afetaram a cotação do dólar, anunciadas ao longo do ano passado, foi responsável pela diminuição do crescimento do PIB brasileiro em 2 pontos percentuais.

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“As medidas do Tesouro e as demais decisões da Fazenda, sobretudo em relação ao dólar, colaboram para reduzir a clareza do governo. As mudanças de regras que ocorreram no meio do caminho só ajudaram a trazer mais insegurança para o Brasil. Toda a incerteza que foi criada nesse mar de alterações nas contas públicas fez com que o investidor ficasse com os dois pés atrás quando se tratava de Brasil. Ninguém sabe ao certo qual o próximo passo a ser dado pelo Palácio do Planalto na condução da economia”, ponderou Salomon.

Mais investimentos e maior clareza
Para uma melhoria nos rumos econômicos do País, o economista do Barclays sugere menos intervenção pública, mais incentivos aos investimentos e maior clareza na sinalização da política econômica. “Tem alguma coisa errada com a política anticíclica como promotora de crescimento, porque esse objetivo, de melhorar a atividade, não aconteceu. Não estou dizendo que o governo tenha de ser ortodoxo, mas que pelo menos seja mais claro”, afirmou.

O economista ainda acredita ser difícil falar em retomada da economia em 2013 e projeta alta entre 2,3% e 2,7% no PIB brasileiro do ano, estimativa que pode ser rebaixada se a visão for muito otimista para o cenário.

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“A situação no Brasil, hoje, está mais complexa porque há manifestações nas ruas que demandam mais ética, mais eficiência no gasto público e a situação se tornou crítica porque a reversão desse quadro de baixo crescimento não é trivial. Quanto mais tempo o governo levar para reverter esse cenário, mais demorará para os investimentos ocorrerem. Há uma ineficiência muito grande, um descasamento entre promessas do governo e o que ele realmente entrega”, completou Marcelo Salomon.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.