“Queremos anunciar três ou quatro grandes privatizações”, diz Paulo Guedes

O ministro reforçou ainda durante entrevista à Jovem Pan o comprometimento com a retomada da agenda de reformas

Estadão Conteúdo

O ministro da Economia, Paulo Guedes (Andressa Anholete/Getty Images)

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na quarta-feira, 15, que a necessidade de intervenção estatal na contenção dos impactos do coronavírus não muda a orientação liberal do governo e anunciou a intenção de privatizar entre três e quatro grandes estatais até o fim do mandato.

Durante entrevista para a Jovem Pan, Guedes afirmou que não se faz até quatro grandes privatizações em quatro meses, mas a ideia do governo é “anunciar” que fará essas privatizações.

“Queremos anunciar três ou quatro grandes privatizações”, afirmou Guedes.

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O ministro disse que um “meteoro” que cai sobre a terra a cada cem anos – em referência à pandemia do coronavírus – não altera a linha de redução do peso do Estado na economia.

Ele considerou um equívoco a ideia de que populações de economias mais estatizadas estão mais protegidas na pandemia. “Isso é uma leitura ideologizada, de que todos vão ter economia mais estatizada porque o Estado é importante.”

O ministro reforçou ainda durante a entrevista o comprometimento com a retomada da agenda de reformas, salientando também que, apesar de a covid-19 ter travado uma pauta que estava, segundo ele, encaminhada, o Congresso é reformista. “Vamos conseguir avançar”, afirmou Guedes.

Exagero em críticas à política ambiental

Um dia depois de um grupo de 17 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central (BC) divulgar uma carta na qual cobraram maior compromisso do governo brasileiro contra o desmatamento, o ministro da Economia afirmou que há um “exagero enorme” nas críticas à política ambiental. Para ele, o Brasil é vítima de uma politização do tema a nível internacional.

Guedes reconheceu que há no mundo uma maior consciência ecológica, mas argumentou que o desmatamento não começou a ser feito no último um ano e meio (período coincidente com a gestão de Jair Bolsonaro) e fez uma comparação com a política de educação.

“Uma coisa é o que se diz e outra é o que se faz. Fala-se muito que o Brasil tem muita preocupação com educação, mas o Brasil é um dos últimos no Pisa. A preocupação dos sociais-democratas com a educação e o ambiente é muito bonita, mas o Brasil não queima floresta hoje, é algo que ocorre há décadas no Brasil”, disse.

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O ministro afirmou também que o País é o que tem a agricultura mais sustentável e a maior área verde do planeta. “Quando vou lá fora, eu digo: vocês dizem que nós maltratamos nossos índios, mas os índios foram exterminados em alguns países. Vocês dizem que tratamos mal nossas florestas, mas temos a matriz energética mais limpa do mundo”, defendeu.

Guedes, contudo, afirmou que não basta falar, é preciso mostrar. “O mundo quer ser verde e nós, como seres humanos, percebemos que há essa poluição ambiental, ameaça de desastres ambientais, então temos que, de alguma forma, mostrar isso”, disse.

Na avaliação dele, há “certo fundamento” nas críticas feitas à política ambiental do Brasil, mas vê também um “exagero enorme”, em contexto no qual o País estaria sendo vítima de uma politização do tema. “Há interesses protecionistas. Há países que há muitos anos temem nossa competição no setor agrícola e usam essa crítica para termos ganho de comércio”, afirmou.

Guedes ressaltou que o Brasil tem uma das legislações mais rígidas na área ambiental e que o País tem de ser contra tudo que é ilegal. “Temos de combater esses excessos, para termos condição de melhorar nossa imagem lá fora”, disse.

Ao falar do risco de o Brasil perder investimentos em razão de questões ambientais, ele lembrou que a pressão internacional em relação ao tema é feita principalmente por países avançados, da Europa.

“Mas há países que não pensam nisso. Para cada dólar que exportamos para Europa, exportamos três ou quatro vezes mais para China, mas a China não pergunta sobre isso. Nós vamos preservar o meio ambiente porque é interesse nosso”, disse. “E ninguém pergunta sobre o sistema político da China ou aperta a China por causa da sua política ambiental, que não foi tão preservadora como a do Brasil”, comparou.

Para Guedes, há “muita política” nessa discussão e o Brasil não pode ser “ingênuo”. “Nós temos interesse em preservar nossas riquezas, e temos muitos recursos naturais. Temos de usar nossos recursos de forma inteligente. Temos a matriz energética mais limpa do mundo, então não há sentido, para o grau de apedrejamento que recebemos hoje”, disse.

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