Quem pode decidir as eleições no domingo – a favor de Dilma Rousseff ou de Aécio Neves

A nova classe média, que quer mudanças - mas ainda tem a perder - pode ir tanto para um lado ou para o outro; quem conseguir passar melhor a sua mensagem, deve se sagrar vencedor

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A recente ultrapassagem de Dilma Rousseff (PT) conforme apresentado nas últimas pesquisa Datafolha em relação a Aécio Neves (PSDB) – mas dentro da margem de erro – teve diversos fatores, mas um deles não pode ser ignorado. 

De acordo com a análise do diretor-geral do instituto, Mauro Paulino, e do diretor de pesquisas Alessandro Janoni, as movimentações mais intensas para cima de Dilma ocorreram nos setores de classe média que mais cresceram ao longo dos 12 anos da gestão petista, a chamada classe C ou “nova classe média”.

Quando combinado o ensino médio e a renda familiar de até cinco salários mínimos, aponta a análise do Datafolha, Dilma alcança 53% dos votos válidos ante 47% de Aécio. Na semana passada, essas taxas correspondiam a 48% para a petista e 52% para o tucano. Assim, houve uma inversão nas intenções de voto nesse segmento que representa a maior fatia do eleitorado, de 35%. 

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E a importância da classe C já era aventada desde o início da campanha presidencial por diversas consultorias políticas. As indicações são de que, ao mesmo tempo que este setor da sociedade quer mudança, eles ainda têm o que perder – e atrelam o que ganharam aos últimos anos do governo petista.

Na semana passada, em evento realizado pela Bloomberg, a Eurasia destacou que a classe C “é a alma e o coração” destas eleições. Conforme aponta o diretor para países emergentes do Eurasia Group na semana passada, este segmento ganhou muito sob o governo do PT, mas também está descontente com uma série de questões.

Neste sentido, o foco da propaganda de Dilma Rousseff em ressaltar as conquistas do governo para a ascensão da classe média, enquanto a campanha negativa de “descontrução” de Aécio acabaram sendo fatores para a “virada” – não definitiva e dentro da margem de erro – da petista. 

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Conforme ressalta Garman, as classes mais baixas são mais favoráveis ao governo, porque se beneficiaram desproporcionalmente do ciclo de crescimento ao longo dos últimos 8 anos. Enquanto isso, a classe mais alta e ensino superior, especialmente no Sudeste e em menor medida no Sul, se
beneficiaram menos, proporcionalmente.

Desta forma, quem pode decidir as eleições está no caminho do meio: quem se beneficiou com o crescimento econômico nos últimos anos mas, que ao mesmo tempo, querem mudar. Contudo, apontou Garman, o sentimento de mudança é difuso e, ao mesmo espera-se uma mudança segura, sem que se acabe com o que foi conquistado no governo do PT. Neste sentido, a comunicação com este setor da sociedade é crucial para decidir quem será o vencedor. 

E, em meio ao cenário de baixo crescimento e baixo superávit primário que o Brasil vem fazendo durante o governo Dilma no pós eleição, o cenário pode ser mais difícil para 2015. Isso porque, conforme apontou também a Prospectiva Consultoria em evento da Bloomberg, as demandas da classe média implicam em melhores serviços e, consequentemente, levar a um aumento de gastos.

Assim, independentemente de quem ganhar, a disputa será acirrada: e a “nova classe média”, com uma boa fatia dela sem ter ideologia formada, continuará sendo crucial para garantir quem vai ganhar as eleições. Aécio tentará conter a “desidratação” que a candidatura do PT impõe em um enredo semelhante ao observado no caso Marina Silva e buscará mostrar que tem capacidade de gestão, enquanto Dilma mostrará que pode conseguir fazer mudanças, além de continuar a campanha para descaracterizar a campanha do tucano. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.