Quem ganha e quem perde com a ação da PF que prendeu amigos de Michel Temer?

Os detalhes das prisões ainda são desconhecidos, mas os efeitos políticos do episódio já são estimados

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A prisão do advogado José Yunes e do coronel João Batista Lima Filho, ambos amigos do presidente Michel Temer, levou a crise ainda mais para dentro do Palácio do Planalto. Os detalhes da ação da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Luis Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga decreto do setor portuário no Supremo Tribunal Federal, ainda são desconhecidos, mas os efeitos políticos da notícia já são estimados pelos especialistas.

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A seguir, um resumo da opinião de cada analista consultado pelo InfoMoney sobre o assunto:

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Rafael Cortez (Tendências Consultoria)
No fundo, é um evento que sinaliza dificuldades muito relevantes para se materializar um cenário que o governo e o MDB produzam um projeto eleitoral, seja com Temer na cabeça de chapa, seja personificado na figura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em boa medida, o governo aposta na reversão da agenda com a intervenção federal no Rio de Janeiro. Mas as investigações no Judiciário, além do próprio assassinato da vereadora Marielle Franco, mostram que os efeitos positivos disso devem ter dificuldades de se materializar.

O episódio dificulta a situação eleitoral de qualquer nome que venha a se associar ao governismo. Com isso, crescem os ônus de eventual apoio de Temer a uma candidatura, caso o MDB não tenha candidatura própria, mesmo que o partido conte com importante estrutura, capilaridade e tempo de televisão.

Eventual desistência de Temer de uma candidatura à reeleição pode beneficiar levemente a centro-direita, no sentido de reduzir o nível de fragmentação. Uma menor fragmentação no centro ajuda a candidatura de Geraldo Alckmin, mas o termo ‘vitória’ seria forte para o tucano neste momento, já que a própria candidatura do governador já enfrenta problemas e dificuldades de crescimento no curto prazo. O desafio a Alckmin será construir certa autonomia em relação ao governo Temer para o imaginário popular. O episódio desta quinta-feira não tende a resultar em mudanças no patamar de intenção de votos de Alckmin nas próximas pesquisas eleitorais.

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Para o cenário atual, as prisões de mais gente do entorno de Michel Temer tornam uma aliança nacional com o MDB ainda menos desejável para os pré-candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM). A pergunta do dia é: Henrique Meirelles quer tanto assim ser candidato pelo MDB e carregar todo esse passivo? Se quiser, a vaga vai sobrando para ele, já que cada vez que Temer e MDB se movimentam, Judiciário e Ministério Público fazem seus ataques.

Opositores à esquerda e à direita, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) agradecem. De um lado, o parlamentar ganha força a cada vez que um poder se enfraquece ou entra em contradições. Do lado de Lula, quanto mais corrupção de outros partidos for percebida pela população, mais forte fica seu recall.

No curto prazo, em caso de uma ainda provável terceira denúncia, o presidente iria balançar forte. Em ano eleitoral, os parlamentares tomam menos risco e o governo tem menos a oferecer. O centro da perspectiva de poder se deslocaria para Rodrigo Maia, e não ficaria no Planalto. O episódio também compromete a agenda de votações em Brasília, que já é mínima, e sofre sérios desgastes a cada novo baque do governo. Menos gente quer votar, ou mesmo aparecer no Congresso. O ministro Luis Roberto Barroso garantiu o esvaziamento da semana que vem.

Ricardo Ribeiro (MCM Consultores)
Ainda é cedo para fazer uma aposta firme do que vai acontecer. É preciso observar qual é o material que levou a procuradora-geral Raquel Dodge a pedir as prisões e o ministro Luis Roberto Barroso aceitar. Em relação aos planos de reeleição de Michel Temer, o emedebista já mostrou que gosta de briga e sabe brigar. A ideia de insistir na candidatura e participar dos debates para se defender pode ganhar mais força depois disso. A não ser que tenha uma bomba muito grande contra ele e que torne inviável uma tentativa de candidatura e defesa.

A chance de impeachment ou uma terceira denúncia contra o emedebista ainda é improvável. No primeiro caso, dificilmente Rodrigo Maia colocaria para votar. E, se começar a tramitar, vimos que é muito lento o processo. Com a caneta na mão, Temer conseguiria segurar.

No plano eleitoral, não foram observadas grandes alterações. Temer já era um nome muito fraco, já duvidávamos que ele se tornaria candidato competitivo. Sua candidatura atrapalha na coesão da centro-direita, mas não representa obstáculo tão expressivo para esse espectro político. Além disso, eventual inviabilização de Temer não necessariamente leva o MDB a não ter candidato e apoiar um nome de outro partido. Um ‘plano B’ pode ser o próprio ministro Meirelles.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.