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SÃO PAULO – Após destacar em seminário no Instituto que leva seu nome que tirar a presidente Dilma Rousseff “não adianta nada”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reiterou a sua posição em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele afirmou que “impeachment é como bomba atômica: é para dissuadir, não para usar”, ressaltou.
O cenário mais provável, afirmou, é que a situação não se encaminhe para um afastamento de Dilma, mas que o governo “fique cozinhando o galo em fogo brando” ao longo dos próximos quatro anos. Mas não pode dizer que o impeachment seja impossível.
Ele disse que vê a situação atual do Brasil “com muita preocupação”. Ele se comparou com todos os outros brasileiros e disse que está “sem esperança” porque o momento é “sombrio”.
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O tucano avalia que a atual crise política colocou o PMDB na oposição e “com razão”. “O governo criou caso com a própria base, então fica difícil”.
O ex-presidente ainda afirmou que não há razão para um encontro entre ele e Lula. “Qual seria o significado de um encontro meu com o presidente Lula? Ele tem, primeiro, que pacificar a situação dentro do partido dele. Nunca me neguei a discutir uma pauta. Agora, essa pauta não pode ser um conchavo […]. Dá pra convergir? Não dá? Mas a visão de Lula não é essa, ele quer o contrário, quer acusar. Ele é o bom, nós somos os maus. Então, é quase impossível”.
Sobre a menção de Lula ao “exército” do líder do MST, João Pedro Stédile, FHC afirmou que quem foi presidente da República não tem direito de brincar com questões sérias. Em relação à tentativa do PT de atribuir ao governo dele os casos de corrupção na Petrobras, FHC disse que foi um movimento patético, mas que se sente até “envaidecido” ao pensar: “meu Deus, que força que eu tive!”
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O ex-presidente também afirmou que só viu uma situação parecida com a que o Brasil vive atualmente em 1963 uma vez que, em ambas as situações, o governo “foi perdendo a capacidade de governar”.