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Gilson Machado Neto, ex-ministro do Turismo no governo de Jair Bolsonaro (PL), foi preso nesta sexta-feira (13) pela Polícia Federal, em Recife (PE). Ele é suspeito de tentar facilitar a fuga do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, por meio da emissão de um passaporte português. A tentativa teria ocorrido em maio deste ano, no consulado de Portugal no Recife, segundo a PF.
Pernambucano, veterinário de formação e produtor rural, Machado é também sanfoneiro e fez parte da banda “Gilson Machado e o Forró da Brucelose” — nome que une duas de suas paixões: a música e a medicina veterinária. Ganhou notoriedade ao tocar “Ave Maria” em uma live presidencial em 2020, no auge da pandemia da Covid-19, em um gesto de homenagem aos mortos promovido por Bolsonaro.

Mauro Cid prestará novo depoimento à PF sobre perfil secreto e passaporte português
Ex-ajudante de ordens será ouvido ainda nesta sexta-feira (13)

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Na época, Machado era presidente da Embratur, após passagem por secretarias do Ministério do Meio Ambiente. Tornou-se figura pública constante no entorno bolsonarista e amigo pessoal do ex-presidente.
Tentativas frustradas nas urnas e vínculo político com o PL
Machado tentou a carreira eleitoral em 2018, quando buscou sem sucesso uma candidatura ao Senado com o nome “Gilson Sanfoneiro” pelo Patriota. Sua primeira disputa ocorreu em 2022, já pelo PL, quando tentou uma vaga no Senado por Pernambuco, mas foi derrotado por Teresa Leitão (PT).
Em 2024, concorreu à prefeitura do Recife e também ficou em segundo lugar, perdendo para João Campos (PSB).
Apesar das derrotas, manteve-se como figura próxima a Bolsonaro, a quem prestou assistência até em episódios de saúde — como quando foi o primeiro a socorrer o ex-presidente durante um mal-estar em visita ao Rio Grande do Norte.
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Arrecadação por Pix e defesa do ex-presidente
Recentemente, Machado se envolveu em uma campanha de arrecadação de recursos por meio de Pix para custear despesas pessoais e jurídicas de Bolsonaro e da família. Segundo o ex-presidente, a iniciativa de divulgar vídeos com pedidos de doação foi do próprio Machado, e não dele.
O dinheiro seria destinado a cobrir passagens, despesas hospitalares, gastos com advogados e também ajudar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que reside nos EUA. Bolsonaro disse à PF que Machado conseguiu arrecadar R$ 1 milhão. Parte dos recursos teria sido usada por ele próprio e pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, sem repasses diretos para Eduardo.
Machado justificou os pedidos afirmando que Bolsonaro havia gastado R$ 8 milhões dos R$ 17 milhões arrecadados na campanha anterior. “Vamos deixar o presidente desidratar?”, questionou em vídeo nas redes.
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Suspeita de obstrução na trama golpista
A prisão de Machado foi motivada por indícios de que ele teria tentado ajudar Mauro Cid a deixar o país de forma clandestina. Cid é réu e delator no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022. A investigação aponta que Machado buscou emitir um passaporte português para o militar, o que poderia representar tentativa de obstrução da Justiça.
Segundo a PGR, o ex-ministro tentou interceder junto ao consulado português no Recife no dia 12 de maio de 2025. Embora não tenha conseguido emitir o passaporte, a simples iniciativa foi considerada grave.
A PGR também afirma que Machado pode buscar outros canais diplomáticos para tentar viabilizar a saída de Cid, o que justificou o pedido de prisão e medidas cautelares. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a detenção, além da busca e apreensão e quebra dos sigilos telefônico e telemático do ex-ministro.
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Machado ainda não se pronunciou oficialmente após a prisão. Anteriormente, negou envolvimento com Mauro Cid e afirmou que esteve no consulado tratando de um passaporte para seu pai.