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SÃO PAULO – É pouco provável que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja julgada ainda em agosto pelo pleno do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), apesar de esforços de ministros em dar celeridade ao caso. Essa é a avaliação que faz o advogado Cristiano Vilela, especialista em direito eleitoral. Para ele, se o rito normal for seguido, a tendência é que a análise sobre o registro de candidatura do petista ocorra apenas na primeira semana de setembro, quando já tiver iniciado o período de campanha no rádio e na televisão. Boa notícia para o PT? Nem tanto.
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Para o analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, é importante para o partido ter tempo para realizar a transferência de votos de Lula para Fernando Haddad, atual vice da chapa e principal nome cotado como “plano B” petista para a corrida presidencial. No entendimento do especialista, a candidatura de Lula desempenhou papel relevante para a estratégia do partido na disputa até o momento, mas agora precisará sair de cena para que o substituto do ex-presidente tenha maiores chances de ir ao segundo turno.
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“O dilema do PT sobre quanto tempo mais manter essa fantasia de Lula poder ser candidato é algo que atrapalha Haddad e o projeto do partido para a eleição presidencial. Quanto mais cedo o TSE impugnar a candidatura de Lula, melhor para o PT. Acho que a função de mantê-lo como ‘plano A’ já foi cumprida. A partir do início da propaganda de rádio e televisão [em 31 de agosto], o PT precisa usar todo esse tempo para construir a candidatura de Haddad. Quanto mais tarde ele for apresentado ao eleitor, maior o risco de esse processo de transferência de prestígio ter problemas no caminho”, observou Ribeiro no programa Conexão Brasília da última sexta-feira (17).
Ribeiro acredita que, mesmo para o eleitor lulista, Haddad precisa aparecer para conquistar votos, sobretudo quando se observa a profunda diferença de perfil entre os dois nomes. “Precisamos verificar quanto o eleitor nordestino, que é onde o PT tem um contingente de votos assegurado, vai se conectar com Haddad. Também existe o risco de, se o processo se retarda muito, o eleitor começar a escolher outras opções que têm alguma conexão com o campo petista, caso de Ciro e Marina. Se o eleitor cristaliza uma decisão nesse sentido, depois é mais difícil reverter”, complementou.
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Segundo Vilela, não há limite legal de prazo para Lula ser mantido candidato. Se quiser, o ex-presidente pode manter sua candidatura até o fim do processo, sem correr risco de perder recursos do fundo eleitoral ou o direito a uma fatia do tempo de rádio e televisão no horário de propaganda eleitoral gratuita. Mas, caso o partido queira substituí-lo, em função das baixas chances de poder participar da disputa, terá de respeitar o prazo limite de 17 de setembro. Contudo, se decidir efetivar a substituição somente nesta data, o PT terá apenas 20 dias de intensa campanha até o primeiro turno.
Confira a íntegra do último programa Conexão Brasília: