Qual será o maior legado da Olimpíada para o Brasil? Reativar o “espírito animal”, diz Goldman

Em relatório, o economista-chefe para AL do banco, Alberto Ramos, destacou a perspectiva de que os "espíritos animais" da economia brasileira voltem para o Brasil

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Brasil, silenciosamente, espera que o espírito olímpico possa ajudar também a levantar os espíritos animais da economia e trazê-la de volta ao pódio reservado para os melhores desempenhos. É assim que o banco americano Goldman Sachs destaca a “influência” e o legado da Olimpíada para o Rio de Janeiro e para a economia do Brasil como um todo.

Os Jogos Olímpicos são sempre um tempo de esperança e bons sentimentos. É uma oportunidade única para celebrar a diversidade cultural e a competição atlética amigável. Mas estes não são tempos fáceis para o Brasil, uma vez que a economia está atravessando uma das contrações econômicas mais longas e mais profundas na história, a taxa de desemprego subiu para dois dígitos, e os governos federais e locais estão enfrentando uma deterioração de suas finanças”, afirma o economista-chefe para a América Latina do Banco, Alberto Ramos, em relatório. 

Os Jogos Olímpicos, assim como foi sediar a Copa do Mundo em 2014, são relacionados ao aumento de investimentos públicos e privados em infraestrutura e logística, destaca o Goldman, ressaltando três segmentos em especial: o primeiro se trata dos custos para executar o evento que é estimado, de acordo com fontes oficiais, em menos de R$ 8 bilhões (US$ 2,4 bilhões) e será 100% financiado pelo setor privado, incluindo patrocinadores. O segundo inclui investimento /despesas relacionadas com instalações desportivas e outros projetos que não teriam sido realizados se o Rio não sediasse o evento. Estes investimentos são estimados oficialmente em R$ 7 bilhões (US$ 2,1 bilhões), cerca de 60% dos quais serão financiados pelo setor privado. O terceiro inclui projetos ou antecipação de investimentos federais, estaduais e locais em programas de infraestrutura e políticas públicas (por exemplo, a expansão das linhas de metrô). O objetivo é aumentar o número de pessoas beneficiadas pelos Jogos. Muitos destes investimentos foram financiados através de PPP (parcerias público-privadas) e são estimados em cerca de R$ 25 bilhões (US$ 7,6 bilhões), com cerca de 40% do custo financiado pelo setor privado. 

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Porém, os números relatados de investimentos são muito pequenos para gerar um impacto econômico significativo e dividendos para uma grande economia como o Brasil, de US$ 1,8 trilhão. “Além disso, devido a uma série de grandes desequilíbrios macroeconômicos, que permearam a economia e levaram a uma severa queda nos indicadores de confiança, a despesa total de investimento tem contraído por dois anos e meio. O investimento fixo bruto registrou queda por dez trimestres seguidos, chegando a uma baixa de 11,6% na comparação trimestral. Já o investimento fixo bruto está agora no mesmo nível de 2009”, afirma Ramos. 

Ramos reforça que o Brasil passou de um forte crescimento de um dígito do PIB registrado em cinco anos para uma profunda recessão econômica de dois anos, que trouxe o PIB para o mesmo nível do quarto trimestre de 2010, com uma queda acumulada per capita real de 9%.

“A forte deterioração no desempenho da economia reflete uma combinação de fatores internos e externos. O cenário externo se tornou menos amigável: os preços das commodities caíram, o que resultou em uma deterioração dos termos de troca, e as condições globais de liquidez do Brasil tornaram-se mais exigentes. Mas o principal motor da deterioração acentuada da economia foi a política heterodoxa e intervencionista, o que acabou criando uma série de grandes desequilíbrios. As políticas fiscais e de crédito expansionistas levaram a uma queda significativa na taxa de poupança da economia e uma deterioração da conta corrente. Ao invés de acelerar o crescimento, isso acabou levando a pressões inflacionárias e prejudicando as perspectivas de investimento, prejudicando também o sentimento do consumidor e de negócio, e deprimindo profundamente os espíritos animais na economia”, ressalta o economista do Goldman. 

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Agora, afirma, há sinais de diminuição das forças recessivas, com os indicadores de confiança dos consumidores e de negócios começando a melhorar nos últimos meses, ainda que modestamente e a partir de níveis extremamente deprimidos, afirma o economista. “Este poderia ser um prelúdio para o fim da recessão e dias melhores, especialmente se a recuperação do sentimento for apoiada por medidas concretas necessárias para aprofundar o ajuste fiscal e reequilibrar a economia. Desta forma, já que o país recebe milhares de atletas e visitantes, ele silenciosamente espera que o espírito olímpico também ajudará a levantar os espíritos animais da economia brasileira e trazê-lo de volta ao pódio reservado para os melhores”, conclui o economista.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.