Quais são os riscos que o PSB traz à reforma da Previdência de Temer?

Com o posicionamento anunciado ontem, o partido deverá punir os parlamentares de votarem a favor das reformas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A decisão da cúpula do PSB por “fechar questão” contra as reformas trabalhista e da Previdência acendeu um sinal de alerta no Planalto, embora já seja conhecida a condição de legenda rachada do partido, que desde o governo Dilma Rousseff conta com parlamentares governistas e opositores. Na prática, foi mais uma sinalização das dificuldades enfrentadas pela equipe de Michel Temer em angariar apoio suficiente para aprovar suas medidas prioritárias mesmo após concessões importantes tendo sido feitas.

Com o posicionamento anunciado ontem, o PSB deverá punir os parlamentares de votarem a favor das reformas. Foi a primeira legenda governista a se posicionar formalmente contra dois dos principais projetos do Planalto. A medida contou com esforços do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e de Beto Albuquerque — figura importante no partido, derrotado como candidato a vice-presidente na chapa com Marina Silva em 2014. A estratégia por trás da movimentação é promover relativo distanciamento da base governista, o que permitirá ao partido, em tese, posição mais favorável nas eleições de 2018, tendo em vista a baixa popularidade do atual governo.

O fechamento de questão, no entanto, não conta com o apoio de todos os membros da bancada do partido na Câmara e no Senado. O que se diz nos bastidores é que a ala governista garante entre 10 e 15 votos (de um total de 35 deputados, ou 6,8% dos assentos na casa) a favor das reformas mesmo com a recente decisão da cúpula do partido. A decisão da executiva será contestada com recurso pela ala pró-Temer, em uma movimentação com pouco resultado prático, mas com significado político importante. Um dos nomes que tem participado ativamente do contra-ataque é o atual ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho.

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Apesar de a decisão da cúpula do partido não provocar grandes surpresas no mundo político, o governo agora tem a tarefa de trabalhar para evitar os riscos de contágio por outros partidos da base aliada. É importante barrar a possibilidade de mais siglas fecharem questão contra as reformas. Há quem defenda uma punição exemplar do governo para conter uma onda de rebeldia, mas aqueles que conhecem Michel Temer duvidam que medidas mais enérgicas, como a demissão de Fernando Bezerra Coelho Filho, sejam tomadas. O presidente do partido, Carlos Siqueira, já se antecipou a quaisquer retaliações. “O problema de cargo não nos preocupa. Nós não pedimos o ministério e nenhum único cargo no governo”, disse na reunião, conforme noticiou o portal Poder360.

Para o analista político da XP Investimentos, Richard Back, seria interessante um ato simbólico do governo para contornar o mal-estar gerado. “Cairia muito bem o fechamento de questão de algum partido grande da base (PMDB ou PSDB) a favor das reformas. Seria um bom antídoto”, observou.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.