Quais são os estados mais “petistas” e “tucanos” do Brasil?

Levantamento feito pela MCM Consultores mostra quais unidades da federação apresentam comportamento mais estável ao longo das últimas seis eleições presidenciais e quais são as tradicionais direções apontadas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Nas últimas eleições presidenciais, foram muito explorados por analistas políticos e pela própria imprensa mapas que dividiam os estados brasileiros entre “vermelhos”, para os que votavam majoritariamente em candidatos do PT, e “azuis”, para onde o PSDB obtinha melhor desempenho. Embora a distribuição de votos não tenha sido homogênea nas unidades da federação mesmo no ápice da polarização entre PT e PSDB e muitas nuances desapareçam com uma leitura a partir de tal recurso, ele pôde dar indicações interessantes sobre tendências gerais de preferência eleitoral sob uma ótica federativa.

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Em estudo recentemente divulgado, os analistas da MCM Consultores debruçaram-se sobre o histórico do comportamento dos estados e do Distrito Federal entre 1994 e 2014. Para isso, eles calcularam a média e o desvio padrão das votações dos candidatos à presidência pelo PT, PSDB e dos demais (que foram somados como “outros”). Com o levantamento, foi possível observar quais unidades da federação apresentam comportamento mais estável (menor desvio padrão) e as tradicionais direções que apontaram ao longo das últimas eleições para o Palácio do Planalto.

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Considerando-se a média das últimas seis disputas presidenciais, o estudo mostra que os estados com maior média de votação pró-PT são: Bahia (52,77%), Piauí (51,81%), Maranhão (51,53%), Ceará (50,84%) e Amazonas (49,03%). Estes estados também localizam-se entre os mais voláteis, onde a soma do desvio padrão de cada grupo foi maior. Já o PSDB tem maiores médias no Mato Grosso (51,77%), em Roraima (50,01%), Goiás (48,99%), Mato Grosso do Sul (48,92%) e Paraná (48,89%).

“É interessante notar que os estados menos voláteis em relação ao voto presidencial nas eleições passadas são predominantemente azuis. Já entre os mais voláteis, predominam os vermelhos intensos. Uma possível explicação é a conhecida e bem documentada quebra do padrão de votação dos estados do Nordeste a partir de 2002 e, com mais intensidade, a partir de 2006. Em 1994 e 1998, o Nordeste votou majoritariamente no PSDB. Migrou para o PT em 2002 e ‘vermelhou’ para valer a partir de 2006”, explicaram os analistas.

Entre os estados que não se enquadram entre “petistas” ou “tucanos”, destacam-se o Distrito Federal e o Rio de Janeiro. No primeiro, o PT recebeu em média 35,90% dos votos, ao passo que o PSDB teve 33,41% e outros candidatos, 30,69%. Já no segundo, o PT teve 39,47%, o PSDB, 29,44%, e outros candidatos, 31,09%. Os pesquisadores, porém, fazem uma ressalva: “Agrupar todos os demais candidatos numa única opção mascara as diferenças programáticas e ideológicas dos demais presidenciáveis. Soma, por exemplo, Enéas com Brizola em 1994. Mas a simplificação se justifica porque o objetivo aqui é sinalizar quais estados estavam mais abertos a opções diferentes da polarização PT-PSDB que predominou desde 1994”.

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Quando o critério é a consistência (a menor soma de desvio padrão), o Rio Grande do Sul lidera a lista. Este também é um estado que, na média, votou bastante dividido entre PT e PSDB, com 41,83% e 40,06%, respectivamente, de média. “Nesse sentido, pode ser considerado um swing state no Brasil. Essa nomenclatura também é aplicável para o Pará e Minas Gerais”, observou a MCM Consultores. Nas eleições norte-americanas, os swing states são considerados estratégicos pelas campanhas e decisivos no processo.

Em uma análise pelas regiões do país, os especialistas chamam atenção para o caso do Nordeste, onde houve uma mudança sensível na preferência da maioria dos eleitores, migrando do PSDB para o PT a partir de 2002. Isso reduz a média petista na região no levantamento apresentado. “Nas últimas três eleições, o PT obteve 67%, 62% e 60%, respectivamente. Por outro lado, a média do Nordeste indica que a região pode ser também sensível ao alinhamento com o governo”, observaram. Por outro lado, em contraste com a maior sensibilidade ao peso da máquina do governo, a elevada rejeição de Michel Temer limita sua força.

A MCM diz que os atuais números disponíveis pelas pesquisas não permitem comparações por estado entre o passado e a atual situação, mas é possível fazer observações regionais. “Eles mostram como, até agora pelo menos, está eleição transcorre mesmo de maneira muito atípica, ainda mais quando Lula, como é o mais provável, não é considerado como candidato. Neste caso, os votos não petistas e nem tucanos assumem valores totalmente fora do padrão. Somam 70% no Sul, 65% no Sudeste, 73% no Centro-Oeste, 70% no Norte e 58% no Nordeste, desconsiderando os brancos, nulos e não sabe. Para que polarização PT-PSDB volte a prevalecer, esse quadro tem que mudar muito até 7 de outubro”, concluíram os especialistas.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.