Quais são as notícias que o mercado gostaria de ler nesse 2º semestre?

Europa unida, China com uma política monetária mais frouxa e Brasil com crescimento de 4% são alguns dos fatos mais aguardados

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – Os primeiros seis meses do ano levaram os acionistas do otimismo ao mais forte pessimismo. Conversas sobre a ruptura da Zona do Euro se tornaram constantes. As economias se tornaram mais fracas e, os investidores, mais desconfiados. 

Mas, afinal, o que eles gostariam de ouvir nessa segunda metade do ano? E eles vão ouvir o que gostariam? Para tentar responder a essas perguntas, desvendando os fatos que poderiam dar o impulso que falta para as bolsas, o Portal InfoMoney entrevistou profissionais do mercado.

É importante mencionar que essas possíveis notícias, embora muito aguardadas, dificilmente deverão se tornar realidade. “O melhor é frequentar a Igreja e acender as velas”, avisa Ewerton Zacharias, analista independente.

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Confira as 7 notícias que o mercado gostaria de ouvir nesse 2º semestre:

Desde o agravamento da crise no Velho Continente, entre tantas opiniões contrárias os economistas concordam em pelo menos um ponto: a União Europeia precisa ir além da união monetária para, então, ter uma verdadeira união fiscal.

Mas isso envolve perder soberania. E a Alemanha, como a economia mais forte da região, não quer abrir mão de seu poder. “Há essa expectativa que ela afrouxe um pouco”, diz José Costa, diretor da Máxima Corretora. Nos primeiros meses desse ano o conflito austeridade versus crescimento ganhou força. Angela Merkel, chanceler alemã e defensora do controle dos gastos públicos, parece cada vez mais isolada politicamente, mas ainda assim tem a rédea da situação.

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No fechar das cortinas do primeiro semestre, os líderes da região anunciaram diversas medidas para incentivar a economia, mas ainda é pouco. “Tem passos? Sim, mas qual o tamanho do passo?”, questiona Zacharias. “É suficiente para o segundo semestre? Com certeza não”, complementa. Então, ainda que desejável, essa parece ser apenas mais uma notícia que não será publicada neste ano.

O crescimento econômico global tem sido fraco. No Brasil, também, o que rendeu o apelido de “PIBinho”. Portanto, nada melhor que uma forte expansão na reta final do ano para surpreender o mercado e restaurar um pouco da confiança dos investidores. Guido Mantega, ministro da Fazenda, já disse que o PIB (Produto Interno Bruto) deve chegar a uma alta de até 4% no segundo semestre deste ano. Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, acredita que esse número deve ser atingido no último trimestre.

Mas os investidores não confiam tanto assim nas projeções do Governo. Afinal, até alguns dias atrás a autoridade monetária previa um PIB de 3,5% no ano. O número foi revisado para 2,5%, depois que o mercado já projetava valores até abaixo deste.

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“Uma boa notícia seria a economia começar a responder às medidas que o Governo já anunciou”, diz o diretor da Máxima Corretora. Entre elas está a retirada do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a linha branca e a redução na taxa Selic. No entanto, os estoques das empresas ainda estão elevados, alerta. Já o analista independente chama atenção para o fato de que o Governo já utilizou sua munição para reanimar a economia. Portanto, nem que seja uma melhora na expectativa quanto ao crescimento da economia já seria o suficiente para impulsionar o mercado acionário, acredita.

Não só a melhora da economia brasileira seria bom para a bolsa: a recuperação dos EUA possui impacto fundamental no comportamento dos investidores. Sendo assim, os olhos devem se voltar para o Fomc (Federal Open Market Committee). Sempre que seus membros se reúnem, há a dúvida: a autoridade monetária injetará mais recursos na economia? Nas últimas duas vezes em que fez isso foi apontada como uma das grandes responsáveis pela retomada do mercado acionário.

A economia norte-americana parece frágil. O mercado de trabalho não consegue mostrar recuperação, a indústria encontra problemas, e a confiança se deteriora cada vez mais. Ironicamente, quanto mais notícias ruins, mais o mercado se anima por conta de uma nova rodada de estímulos.

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Segundo publicado no último relatório anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre os EUA, o país tem condições de afrouxar sua política monetária. Os norte-americanos tem mais quatro oportunidades nesse ano para provarem que o FMI está certo. O desfecho da próxima reunião, onde muitos já preveem o novo pacote de estímulo, será em primeiro de agosto.

Em 6 de novembro os cidadãos norte-americanos irão às urnas para eleger o presidente da maior economia do mundo pelos próximos quatro anos. Barack Obama naturalmente será o candidato do partido democrático e deverá enfrentar Mitt Romney, que representa os republicanos. Contudo, a reeleição de Obama seria melhor para o mercado. “Tudo que é previsível é bom para o mercado”, afirma Zacharias.

Um dos pontos mais controversos entre os políticos é sobre os impostos que incidem sobre os ricos. Enquanto Obama defende o fim da isenção da contribuição desta classe da sociedade, Romney quer tornar essa medida permanente, o que já dá o tom de como será conduzida a disputa eleitoral por lá.

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As principais ações do Ibovespa são de empresas de commodities. E quando se fala em commodity não se pode deixar de pensar na China, que demanda monumentais investimentos para elevar o status de sua economia de emergente para desenvolvida. “O governo já fala em algumas medidas monetárias”, diz o analista independente. De fato, quase toda semana há rumores de que o país irá relaxar a sua política monetária.

E, sempre que os boatos se tornam mais intensos, o preço das commodities disparam e o Ibovespa sente um forte impacto positivo. Mas nem tudo que o mercado quer necessariamente é bom para o país. “Um dos maiores problemas na China é a quantidade enorme de imóveis que não tem compradores aos preços que foram construídos. Eles seguraram o crédito barato porque não podem criar uma bolha”, explica José Costa, diretor da Máxima Corretora.

Então é possível que os rumores continuem, mas sem grandes anúncios monetários pela frente e, também, sem uma grande desaceleração da economia. Até porque a China tem muito dinheiro para gastar, diferente da Europa. “Na China, a tendência é que cresçam nesses fortes níveis sem nenhum problema”, complementa Costa. 

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Por falar em commodities, o investidor logo pensa em Petrobras (PETR3, PETR4). A estatal, muito criticada por sua dependência do Governo, vê suas ações ordinárias e preferenciais despencarem cerca de 12% e 9% no ano, enquanto o Ibovespa se contrai 1,7%. Uma forte alta nos papéis da economia seria um grande incentivo para melhorar o desempenho do índice, mas para isso ela precisa se desvencilhar da influência do Governo, o que parece pouco provável.

Portanto, a notícia que os investidores mais aguardam para a empresa é um reajuste no preço da gasolina – ou melhor: mais um ajuste: O último foi considerado como muito tímido e não agradou o mercado, já que ela continua a importar gasolina a um preço mais alto do que vende. Isso é, a operação gera perdas à empresa.

Além do mais, o problema da estatal é, além de tudo, de confiança. “O que foi falado no Plano de Negócios pode ser muito realista, mas tem que ser provado. Ela levou tanto tempo para fazer uma captação imensa que não resolveu nada, o dinheiro foi muito mal gasto”, critica Zacharias. Esse reajuste, enfim, poderia ser um importante sinal para os acionistas.

Alguns meses atrás o protecionismo global foi muito criticado. E os investidores, de modo geral, gostam de uma economia livre de influências. Mas o fato é que, em tempos de crise, todos protegem, em determinados graus, suas economias. No início de junho o G20 alertou que as medidas voltadas para a restrição do livre comércio saltaram 25% entre outubro de 2011 e maio de 2012. 

“O grupo fez um acordo de acabar com essas práticas, que não beneficiam ninguém. Além disso, elas emitem o sinal errado aos investidores e prejudicam o desenvolvimento do comércio global”, dizia o documento. Mas pouco foi feito para mudar esse cenário.

“O protecionismo é ruim, o ideal seria que todos abrissem suas economias, mas imagina fazer isso?”, pondera o diretor da Máxima Corretora. Ele lembra que, enquanto o mercado gostaria de um mundo mais aberto, a economia real poderia sentir impactos indesejáveis, como o aumento no desemprego. Ao abrir a economia neste momento de fragilidade econômica, muitas empresas não teriam condições de competir com os estrangeiros e seriam obrigadas a fechar as portas. Portanto, por aqui também não devem surgir novidades no noticiário.

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